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  • Redação

01 de novembro - Dia de Finados

Em vez de propor-nos hoje a veneração de um santo, a Igreja nos convida a comemorar, com nosso sufrágio, as almas dos fiéis já falecidos.


A instituição de um dia especial no ano para lembrar espiritualmente os finados, ou almas do purgatório, deve-se a uma iniciativa dos monges beneditinos por volta do ano 1000.

O abade Santo Odilão, superior do Mosteiro de Cluny na França, deu ordem para que em todos os conventos filiados a esta Ordem se celebrasse um ofício pelos defuntos na tarde do dia 1º de novembro. Aos poucos, a data se tornou universal e esta comemoração foi adotada pela autoridade da Igreja para a memória dos irmãos falecidos.


“Irmãos, nos diz o apóstolo São Paulo, não queremos que ignoreis o que se refere aos mortos, para não ficardes tristes como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus levará com Jesus os que nele morrerem” (1Ts 4,13-14).


Esta exortação de Paulo é dirigida também a cada um de nós. O dia dos finados não é dia de tristezas ou lamúrias, como é para aqueles que não têm fé, mas é dia de saudosa recordação, confortada pela fé, que nos garante que nosso relacionamento com as almas dos finados não está interrompido pela morte, mas é sempre vivo e atuante pela oração de sufrágio.


A doutrina relativa aos finados põe em admirável luz a harmonia entre a justiça e a bondade de Deus Pai, de tal modo que também os corações mais frios não resistem hoje a um saudoso pensamento de piedade religiosa em favor dos irmãos falecidos.


A fé nos ensina que existe um lugar de purificação para as almas depois da morte. Pois toda criatura que morre carrega faltas, misérias, dívidas espirituais por pecados cometidos, mesmo morrendo reconciliada com Deus. Estas faltas lhe impedem de entrar diretamente no Reino de Deus que é o reino da santidade perfeita, da luz e felicidade. Deus, em sua bondade, providenciou um lugar de purificação que a tradição da Igreja chamou de purgatório. Pela solidariedade espiritual que existe entre os batizados por força de nossa inserção no Corpo Místico de Cristo, temos condições de oferecer preces, sacrifícios em sufrágios das almas do purgatório que ficam assim beneficiadas em suas penas.


Esta doutrina já era conhecida no Antigo Testamento. De fato, lemos no Segundo Livro dos Macabeus que, depois de uma batalha do povo judeu contra os inimigos, Judas Macabeu mandou recolher ofertas a serem enviadas ao Templo de Jerusalém, solicitando orações e sacrifícios em sufrágio dos soldados tombados na guerra; pois ele conclui: “É um pensamento santo e salutar orar pelos mortos para que sejam livres dos seus pecados” (2Mc 12,45). Também Jesus Cristo fez alusão a pecados que não são perdoados nem nesta terra nem na outra vida.


Orações de sufrágio em favor das almas dos mortos sempre foram praticadas nas Igrejas desde os primeiros séculos. Nas catacumbas romanas onde se sepultavam os cristãos há inúmeras inscrições alusivas a preces que os defuntos solicitam dos irmãos na fé. Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, ao falecer perto de Roma, enquanto viajava para a África, assim falava aos dois filhos que a acompanhavam: “Ponde meu corpo em qualquer lugar e não vos preocupeis com ele. Só vos peço que no altar de Deus vos lembreis de mim, onde quer que estiverdes”.


As almas dos nossos falecidos parecem dizer com o patriarca Jó: “Compadecei-vos de mim, ao menos vós que sois meus amigos, porque a mão do meu Senhor me tocou”... “Santo e salutar é o pensamento de orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados”.

 

Trecho da obra "O santo do dia", de Dom Servílio Conti.

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