Nascimento
Um casal de boa condição financeira – afortunados – vivia em Assis no fim do século XII. Eram Pietro e Jeanne de Bernardone. Ela era francesa e, uma vez em Assis, na Itália, passou a ser chamada pelos vizinhos, após o nascimento de Francisco, de Pica.
Pietro de Bernardone, que possuía o mesmo nome de seu pai, era um comerciante bem-sucedido que fazia negócios na região de Provence, sul da França, e no Oriente. Desses lugares Pietro trazia grandes riquezas, principalmente finíssimos tecidos.
Jeanne (ou Pica) de Bernardone era uma mulher virtuosa. Ela e Pietro eram felizes, mas não tinham filhos de seu matrimônio, e isso pesava em seus corações. Alguns biógrafos de Francisco afirmam que Jeanne tinha um filho de um primeiro casamento, do qual havia ficado viúva. Nesta descrição consideramos que ela tinha esse filho, devido a uma fonte pesquisada.
Também há registros de que um retrato pintado de Francisco, muito conhecido e usado como estampa, havia sido encomendado por seu sobrinho ao pintor de Florença Giovanni Gualteri.
A seguir, a pintura:
Jeanne foi até à tumba dos apóstolos em Roma, assim como ao Santuário de São Miguel Arcanjo, no Monte Gargano, para suplicar humildemente que lhe fosse concedida a maternidade. Certo dia, Pietro estava se preparando para uma grande viagem à Terra Santa, onde ele tinha expectativa de grandes negócios. Sua esposa pediu para ir com ele, argumentando que para ela seria uma grande honra visitar os lugares sagrados para a redenção dos católicos. Pietro ficou perplexo e preocupado, uma vez que a casa deles ficaria sem a presença de ambos. Ele estava quase a ponto de dizer “Não” à esposa, mas, ao perceber sua fé ardente, concordou.
Jeanne tinha o coração transbordando de alegria. Chegando à Palestina, enquanto Pietro se engajava em seus negócios, Jeanne começava a sua peregrinação. Sua fé a guiava mais do que as indicações dos guias pelos lugares sagrados. Ela estava em estado de êxtase. Primeiramente rezou no Santo Sepulcro, em Jerusalém, e depois foi até à Gruta da Natividade. Ela se entregava totalmente à Mãe de Jesus, durante suas orações, suplicando-lhe que fosse atendida no seu desejo de maternidade. Em seu estado de êxtase e entrega, Jeanne estava segura de que suas orações seriam atendidas.
De volta a Assis, ela sentia-se muito segura de que havia obtido sua graça, afirmando que sentia seu filho em seu ventre. E ela estava certa. Era inverno de 1181 e Jeanne se preparava para o nascimento de seu filho enquanto seu marido partia em uma nova viagem de negócios.
Tudo estava pronto para o nascimento, mas Jeanne já não era tão jovem. Em sua angústia, recorreu novamente às orações, e ao se lembrar da simplicidade em que se deu o nascimento de Cristo em Belém, resolveu reproduzir o cenário, ordenando aos criados que preparassem um estábulo para o nascimento de seu filho. E assim foi feito. Uma manjedoura de palha, uma vaca, um burro e alguns criados. Quando tudo estava pronto, Jeanne saiu do conforto de seu palacete para dar à luz no pequeno estábulo.
Na foto abaixo, o estábulo onde Jeanne deu à luz a Francisco. É possível ver que as dimensões não eram muito confortáveis para o parto.
Após o nascimento, de volta à sua casa, estava tomada pela alegria da chegada do primogênito dos Bernardone. E como uma cristã fervorosa, Jeanne levou seu filho ainda bem pequeno para ser batizado na Catedral de São Rufino, a principal referência para os católicos de Assis no início do século XII.
Sobre a obra:
Esta obra tem como foco mostrar através de passagens pouco conhecidas pelos devotos de São Francisco de Assis, fiéis da Igreja Católica e curiosos da vida de Francisco, detalhes de sua vida que mostram suas forças, fraquezas e batalhas internas que o levaram à santidade. Essa riqueza de detalhes e ações de Francisco é algo que encanta todos aqueles que, de alguma maneira, o conhecem e o seguem, servindo de inspiração e esperança em dias tão turbulentos como os que vivemos.
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