O Ministério de Catequista propõe um compromisso pessoal e comunitário com as pessoas e sua realidade, como fez Jesus. Ele, em sua missão, falava a partir da realidade das pessoas que o escutavam e seguiam seus passos. Jesus enxergava as alegrias e as esperanças de seu povo, também suas dores, angústias e tristezas. Era capaz de escutar os gritos do povo como apelo para o perdão. Pelos caminhos, ouvia pessoas clamando piedade, misericórdia e compaixão. Jesus era capaz de ouvir os gritos aflitos e até os gemidos dos corações feridos. Sua vida, na Palestina, estava comprometida com o povo que esperava vida nova e libertação.
A catequese de Jesus era adequada ao momento e realidade das pessoas: Ele falava conforme podiam entender; apresentava a proposta do Reino; semeava alegria e despertava a fé. Fazia tudo por amor, respeitando a vontade do Pai e os direitos do ser humano.
Hoje, continuamos crescendo na busca de um comprometimento com a realidade do ser humano, não como algo abstrato, mas real e concreto. Isso requer compreender que as pessoas precisam ser acolhidas, educadas na fé, acompanhadas na comunidade eclesial e ter o direito a uma catequese adequada. O catequista, portanto, para realizar uma catequese adequada, junto a seus interlocutores, precisa preparar-se para reconhecer que cada pessoa vive numa realidade complexa e entrelaçada às tramas da vida em seus aspectos psicológicos, sociais, culturais e religiosos.
A educação da fé não é uma tarefa simples. É um compromisso com a pessoa, de modo mais abrangente, oferecendo caminhos que correspondam às suas necessidades, idades e fases da vida. Para isso, é importante considerar a contribuição da psicopedagogia, uma vez que cada fase da vida está exposta a caraterísticas próprias e desafios específicos, podendo influenciar o processo de maturidade religiosa no caminho da fé.
Quando se trabalha com pessoas é urgente saber como se tornar próximo delas; caminhar lado a lado com elas, a partir de suas realidades, e acolher suas motivações iniciais. É nesse caminhar juntos que vamos crescendo no amadurecimento da fé e nas atitudes cristãs, tornando-nos conscientes de nossa identidade como discípulos missionários de Jesus Cristo. O catequista deverá apropriar-se de saberes para valer-se do conteúdo doutrinal e das estratégias para utilizar melhor o tempo, o espaço, a motivação e a interação entre as pessoas e delas com a comunidade eclesial, para o serviço da evangelização. Deverá saber inspirar-se na experiência catecumenal para propor à comunidade um projeto pastoral que priorize (ou evidencie) o valor da pessoa humana, confirmando a dupla fidelidade à mensagem e à pessoa na realidade concreta em que vive.
Uma vez que o catequista se forma para assumir sua vocação de educador e comunicador da fé, seu relacionamento com seus interlocutores precisa ser um compromisso de dedicação e coerência no testemunho de uma vida cristã autêntica, na abertura e disponibilidade para construir relações maduras e saudáveis, na capacidade de acompanhar e mediar a pertença à comunidade em espírito de comunhão. Tudo isso é um grande desafio para o catequista.
O Diretório para a Catequese, em seu número 224, nos fala em direito a uma “catequese adequada”, que seja fiel à pessoa em seus anseios e questionamentos, dúvidas e buscas... Para um novo agir catequético, urge nas comunidades catequistas capacitados para um modo de agir atualizado e envolvente; para uma catequese que acolha a pessoa e apresente motivações para o testemunho de vida cristã.
Caminhando, deixamos marcas no chão por onde pisamos, entrelaçamos os nossos passos aos do Mestre que caminha à nossa frente tornando-nos capazes de experimentar a força de sua presença. O encontro com Ele é capaz de deixar marcas e plasmar a identidade cristã nos que são chamados e atraídos para ser Igreja como discípulos missionários comprometidos com o Evangelho da vida (GIL, 2021, p. 25).
Acompanhando os desafios para os nossos tempos, os catequistas não podem deixar de pensar em tudo aquilo que mantém a pessoa do catequizando em seu merecido lugar: membro da comunidade (cf. Mt 18,2). Sobre essa tarefa para os catequistas, podemos recorrer ao Evangelho de Mateus na passagem que relata a atitude de Jesus ao acolher as crianças e dizer: “Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus” (Mt 18,4). Não se trata, simplesmente, de colocar a criança em destaque, mas de tornar-se “pequeno” como ela.
Consideremos aqui a expressão “pequeno” como alusão a todos que mantém a genuína simplicidade de quem procura crescer na fé, na vida comunitária e na experiência de comunhão com Deus e com o próximo, sejam crianças, adolescentes, jovens ou adultos. A simplicidade, a ingenuidade, a generosidade e a disponibilidade, que encontramos em nossos catequizandos, precisam ser respeitadas e acolhidas para que avancemos na direção de uma catequese de acolhimento e de interação com a novidade do Reino de Deus.
Mais uma vez, destacamos a importância de catequistas competentes, que buscam apoio numa metodologia que favoreça a participação e a interação de todos. Eis, assim, um grande desafio para a catequese numa Igreja sinodal: propor um caminho que favoreça, com os seus diversos itinerários, uma experiência mística e pessoal com Jesus Cristo, um fraterno encontro entre as pessoas, seja na família ou na comunidade eclesial, mas também um verdadeiro encontro consigo mesmo.
Toda a caminhada catequética necessita sustentar-se na busca do sentido da vida e para uma vida com mais sentido, porque não caminhamos sozinhos. Cristo caminha com a sua comunidade: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20). Somos humanos e necessitamos dessa motivação, estarmos reunidos, para buscarmos caminhos que nos conduzam a viver a experiência de fraternidade, perdão, solidariedade, justiça, de encontro com outro e com o Senhor.
Jesus apontava um caminho para uma vida digna. Em sua catequese, muitos caminhos foram apresentados, mas o que Ele queria era que as pessoas caminhassem rumo ao essencial, ao mistério da existência e ao reconhecimento da própria humanidade.
A vida nova, renovada pela fé, favorece a abertura de coração para o acolhimento e o acompanhamento daqueles a quem apresentamos o valor da vida comunitária.
Sobre o livro:
A proposta desta obra é contribuir para o entendimento acerca das bases necessárias à formação integral do catequista em vista da transmissão da fé e do Ministério de Catequista. Com esta intenção, a obra se organiza em quatro capítulos que contemplam a formação antropológica, bíblica, teológica e a formação pedagógico-catequética, considerando a necessidade de uma “catequese adequada”, como solicita o Diretório para a Catequese.
Comments