Primeiro é bom destacar: estamos diante de um dogma. Isso significa que a Igreja Católica reconhece como verdade de fé, que exige obediência de todos, a maternidade divina. Pois dogma é isso: uma verdade de fé que exige obediência.
Segundo: proclamar a maternidade divina em Maria não é mera exaltação de uma mulher. Antes, a maternidade divina refere-se ao reconhecimento da divindade de Jesus. Por isso podemos dizer que este é um dogma cristológico, pois refere-se ao reconhecimento da divindade do Filho.
Pois bem, agora vamos à pergunta: como entender Maria, Mãe de Deus?
Maria é sim mãe de Deus, pois Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem (duas naturezas) e uma Pessoa Divina (pessoa = consciência). Na encarnação quem toma a forma humana é o Filho de Deus, segunda pessoa da Santíssima Trindade que partilha da divindade do Pai. Por isso Jesus é Deus, e aqui entra a compreensão da Trindade: 3 pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo 1 natureza: divina, ou seja, os 3 são Deus e não "deuses", pois existe apenas um que se relaciona com a humanidade em 3 modos diversos.
Em Jesus não temos um simples homem "adotado" pelo Pai, temos o Filho Unigênito que existe com o Pai desde sempre e para todo o sempre que assume a carne humana para redimir do pecado. A grosso modo podemos dizer que ao duvidar da maternidade divina de Maria duvidamos da divindade de Jesus, ou permitimos pensar que ele era duas coisas: homem enquanto sua dimensão física e Deus enquanto sua dimensão espiritual, caindo assim em uma divisão que abala todos os princípios da fé católica.
Jesus é Deus, pois partilha com o Pai e com o Espírito a única substância preexistente, onisciente e poderosa: a divindade. Maria é Mãe do Deus Filho, segunda pessoa da Trindade e não do Deus Pai Criador.
Alguém pode dizer: mas os evangélicos ofendem Maria ao não reconhecer sua maternidade! E eu diria: e você católico, de fato entende a maternidade divina?
O dogma é nosso, a doutrina é nossa. Estudemos, não para discutir, mas para rezar com mais fé: Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora é na hora de nossa morte.
Amém!
Débora Pupo é Coordenadora Regional da Dimensão Bíblico-Catequética do Regional Sul 2, da CNBB e autora da coleção "Crescer em Comunhão" e dos livros: "Catequese... Sobre o que estamos falando mesmo?" e "Celebrações no Itinerário Catequético... Sobre o que estamos falado?", todos publicados pela Editora Vozes. Bacharel em Teologia, pela Faculdade Missioneira do Paraná, a colunista também é mestre na mesma área, formada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Curitiba, tendo como título de sua dissertação: "Iniciação Cristã e Catequese com adultos: um caminho para o discipulado".
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