O ponto mais alto da comunicação divina é Jesus Cristo. Não existe maior revelação do que a pessoa de Jesus Cristo, sua vida, morte e ressurreição. Este ponto alto da comunicação divina é chamado por São Paulo de mistério (cf. Rm 3,21; 16,26).
Partindo da ideia de que revelação é tirar o véu, é interessante perceber que um véu é algo que encobre, mas deixa um pouco de mistério. Quando se vai tirando a cortina, o que está oculto vai se tornando manifesto. É assim que Deus se comunica: Ele que habita em luz, em um espaço que nenhum ser humano pode ver (cf. 1Tm), deixa-se conhecer, tira-se o véu e mostra-se o seu mistério de salvação outrora escondido.
Não podemos perder de vista o termo mistério. Se for um mistério, mesmo que Deus se dê a conhecer, o ser humano não pode saber tudo sobre ele, não podemos reduzi-lo às categorias humanas. Deus permanece sempre como um desconhecido, um mistério que eu posso desvelar de algum modo, mas sempre fica muita coisa oculta. Nós não podemos controlar o mistério divino, não temos esta possibilidade, pois somos meras criaturas.
Deus tem um modo muito especial de se comunicar, e este modo de comunicar é muito importante para a catequese.
Vejamos o que diz a Dei Verbum, documento do Concílio Vaticano II:
Aprouve a Deus na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cf. Ef 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina (cf. Ef 2,18; 2Pd 1,4). Em virtude desta revelação, Deus invisível (cf. Col 1,15; 1Tm 1,17), na riqueza do seu amor fala aos homens como amigos (cf. Ex 33, 11; Jo 15,14-15) e convive com eles (cf. Bar 3,38), para os convidar e admitir a comunhão com Ele. Esta “economia” da revelação realiza-se por meio de ações e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal maneira que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades
ignificadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido.
Trecho do livro Catequese no mundo comunicacional.
O texto que se apresenta procura indicar pistas para que o cristão adulto em sua fé possa viver inserido neste universo, que chamaremos aqui de mundo comunicacional. O objetivo deste livro e trazer uma reflexão muito próxima dos agentes da iniciação a vida cristã, especialmente os catequistas. A inspiração para este trabalho foi o IX Sulão de Catequese, realizado em Florianópolis em junho de 2017. O evento teve como tema Comunicação no processo de iniciação a vida cristã, tendo como lema: Senhor, todos te procuram (Mc 1,37)3. Parece haver um reconhecimento por parte dos agentes da catequese de que este tema e de primordial importância. (Trecho retirado da introdução)
Sobre o autor:
Presbítero da Arquidiocese de Curitiba, Pe. Roberto Nentwig trabalha como reitor do Seminário Filosófico Bom Pastor e diretor do Instituto Discípulos de Emaús. É Doutor em Teologia pela PUC-Rio e atua como professor na PUC-PR e no Centro Universitário Claretiano–Studium Theologicum. Atua em assessorias nas áreas da catequética, pastoral e teologia sistemática. Participa da Sociedade Brasileira de Catequetas (SBCat) e do Grupo de Reflexão Bíblico-catequética (GREBICAT - CNBB).
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