No próximo dia 04, celebraremos o Domingo de Páscoa. A data foi lembrada pelo autor Sebastião de Matos Félix com quatro contos no livro A transmissão da fé. Selecionamos dois desses textos para compartilhar com nossos leitores. Os conteúdos podem ser lidos e refletidos com os catequizandos, mesmo sem as catequeses presenciais - sugerindo, inclusive, a participação dos pais e familiares.

Leia abaixo:
A Páscoa
“Guarda o mês de Abib, celebra nele a Páscoa em honra do Senhor teu Deus, porque
foi no mês de Abib, numa noite, que o Senhor teu Deus te libertou do Egito” (Dt 16,1).
Por que esta noite é diferente das outras noites?
Os filhos perguntam a seu pai:
Já que todas as noites não precisamos temperar (molhar) os alimentos nem sequer uma vez, por que nesta noite o fazemos duas vezes? Todas as noites comemos pão fermentado (hametz) ou pão ázimo (matzá) e nesta noite somente pão ázimo? Todas as noites comemos diversas verduras e nesta noite comemos só verduras amargas? Todas as noites comemos ou sentados ou reclinados, por que nesta noite comemos todos reclinados?
Resposta do pai
Fomos escravos do faraó no Egito e o Senhor, Nosso Deus, nos tirou de lá com mão forte e braço estendido. E se o Santo – bendito seja – não tivesse tirado nossos antepassados do Egito, nós, nossos filhos e os filhos de nossos filhos estaríamos ainda oprimidos pelo faraó do Egito. E se fôssemos todos doutos (detentores de grandes conhecimentos), todos inteligentes, todos anciãos e todos conhecedores da Palavra (Torá), deveríamos narrar a história da libertação do Egito.
No diálogo com os pais, aparecem quatro filhos diferentes, fala a Torá: Um sábio, outro malvado, um simples e outro que não sabe perguntar.
– O sábio (o que diz?): Quais são os testemunhos, as leis e os estatutos que o Senhor, Nosso Deus, vos ordenou? A este, responde de acordo com as prescrições para a Páscoa, até aquela que nos proíbe comer qualquer sobremesa depois de comer o cordeiro pascal.
– O malvado (o que diz?): Que rito é este para vós? (“Para vós” e não para ele).
Já que ele se exclui da comunidade, recusa os princípios fundamentais do povo de Israel; deverás fazê-lo ranger os dentes e dizer-lhe: “Faz-se isto por causa do que Deus fez comigo quando saí do Egito. A mim, não a ti, porque, se tivesses estado lá, Ele não te teria libertado”.
– O simples (ingênuo) (o que diz?): O que é isto? Responde-lhe: “Com mão forte,
Deus nos tirou do Egito, da casa da escravidão”
– Ao que não sabe perguntar, explica-lhe tu, como está dito: “E contarás a teu filho naquele dia, dizendo-lhe: Faz-se isto por causa do que Deus fez comigo quando saí do Egito”.
“Este é o dia em que o Senhor agiu” (Sl 118)
Um midrash deste salmo nos apresenta uma bela cena: Os habitantes de Jerusalém
estavam nos terraços da cidade santa quando o rei Messias se aproxima a partir do monte das Oliveiras à frente de um cortejo de peregrinos da Judeia; uns e outros o saudavam, alternando os versículos:
Os habitantes de Jerusalém gritarão de dentro:
– Senhor, dá-nos a salvação!
E os habitantes da Judeia responderão de fora:
– Senhor, dá-nos prosperidade!
Os habitantes de Jerusalém gritarão de dentro:
– Bendito o que vem em Nome do Senhor!
Os habitantes da Judeia responderão de fora:
– Nós vos bendizemos a partir da Casa do Senhor!
Os habitantes de Jerusalém gritarão de dentro:
– O Senhor é Deus, Ele nos ilumina!
Os habitantes da Judeia responderão de fora:
– Uni-vos em procissão, com ramos, até os ângulos do altar!
Os habitantes de Jerusalém gritarão de dentro:
– Tu és meu Deus, dou-te graças!
E os habitantes da Judeia responderão de fora:
– Meu Deus, eu te exalto!
E os habitantes de Jerusalém e os da Judeia abrirão a boca e louvarão juntos o Senhor
– bendito seja! – gritando:
– Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia!
Este midrash, utilizado na Páscoa, pode ser representado pelas crianças divididas em dois grupos: Jerusalém e Judeia.
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