top of page

Entrevista especial em homenagem à vocação à vida consagrada – 3º Domingo do Mês das Vocações

  • Redação
  • há 4 horas
  • 5 min de leitura

O mês de agosto nos convida a contemplar as diferentes formas de responder ao chamado de Deus. No 3º Domingo do Mês das Vocações, celebramos a vocação à vida consagrada, um caminho de entrega total e amorosa ao Reino de Deus. Religiosas e religiosos consagram suas vidas por meio dos votos de pobreza, castidade e obediência, tornando-se sinais visíveis do amor de Cristo no mundo.


ree

A vida consagrada é um testemunho silencioso, porém eloquente, de que Deus basta. E muitas vezes, essa missão é vivida intensamente por meio da catequese, onde religiosas e religiosos compartilham seu carisma e espiritualidade com crianças, jovens e adultos, despertando neles o desejo de seguir Jesus mais de perto.


Nesta entrevista especial, conversamos com uma irmã religiosa que atua como catequista e consagra sua vida com alegria, simplicidade e profundidade. Ela partilha conosco como a vida consagrada e a catequese se entrelaçam em sua missão evangelizadora.


Entrevista Vocacional — Servir com alegria e consagrar-se ao Reino


  • Conheça a entrevistada:


ree

Ir. Angela Soldera é religiosa da Congregação das Irmãs de Jesus Bom Pastor (Pastorinhas) desde 6 de janeiro de 1976, e se prepara, com gratidão, para celebrar em breve seu jubileu de ouro, marcando 50 anos de dedicação integral à vida consagrada. Natural de Nova Roma do Sul (RS), é licenciada em Teologia pela PUC-RS e possui especialização e mestrado em Liturgia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção (SP).


Ao longo de sua trajetória, atuou em diversas dioceses e paróquias, sempre com forte presença na pastoral, especialmente em pequenas comunidades, na formação de lideranças, na catequese, na liturgia e na organização comunitária. Por cinco anos, esteve à frente da Coordenação Diocesana da Animação Bíblico-Catequética da Diocese de Caxias do Sul, período em que também coordenou e participou da elaboração da coleção Caminho de Iniciação à Vida Cristã.


Com cerca de 20 anos de dedicação direta à missão catequética, Ir. Angela soma experiência em coordenação, organização e formação de catequistas. Atualmente, exerce a função de Coordenadora da Animação Bíblico-Catequética na Arquidiocese de Londrina (PR), no Regional Sul 2 da CNBB, onde também é responsável pela coordenação e organização da coleção No Caminho com Jesus, publicada pela Editora Vozes.


Sua vida e missão refletem o carisma congregacional de estar sempre a serviço do Evangelho, conduzindo o povo de Deus pelo caminho da fé e da comunhão.


“Consagrar-se é fazer do coração morada permanente de Deus.”


  1. Como nasceu sua vocação à vida religiosa?

    Minha vocação religiosa nasceu ainda muito nova, pela vida de fé e oração na família e na comunidade eclesial.  Onde comecei sentir o chamado vendo algumas irmãs que moravam e trabalhavam na cidade onde morava, mesmo depois não ter escolhido a mesma congregação para mim. Na escola, havia com frequência a visita de religiosos, promotores vocacionais da região que falavam da vida religiosa e incentivavam as crianças e adolescentes a escolher a própria vocação, como padres, irmãs, irmãos. À medida que alguém se manifestava, seu nome era entregue ao pároco da cidade de forma que se alguma religiosa ou religioso passasse por lá eram apresentados para que fossem visitados.  Foi assim, que fui visitada por uma religiosa que era responsável pelo serviço vocacional da congregação à qual hoje faço parte. Então iniciou um diálogo e foi crescendo o interesse e o desejo de seguir este caminho e com o consentimento dos pais iniciei este itinerário passando pelas etapas formativas propostas pela vida religiosa.

  2. Em que momento a catequese passou a fazer parte da sua missão?

    Bem, a Catequese passou a fazer parte da minha vida e da minha missão, não a princípio por uma opção pessoal, até por que sempre me dediquei mais em outras áreas pastorais. Mas, como tudo na caminhada da vida, por conta das transferências que acontecem na vida religiosa, novas inserções em diferentes locais e realidades, tendo em vista as necessidades locais da comunidade eclesial onde fui enviada, me foi apresentado a catequese como lugar e espaço de viver a missa missão. Desde 2007 estou me dedicando quase que exclusivamente a serviço da animação bíblico-catequética.  Aprendi a gostar, a me inserir no caminho da Iniciação à Vida Crista, a estudar os documentos da Igreja, os diretórios da catequese e tudo o que se referia ao caminho da Iniciação à Vida Cristã conforme previsto e assumido pela Igreja. Fui desafiada a me inteirar da nova compreensão de catequese que implica na responsabilidade de iniciar a um caminho de fé, de mudança de mentalidade, de ver a catequese apenas como um cursinho de preparação aos sacramentos, mas um processo de educação fé, de alimentar a fé, de ajudar as pessoas a assumirem a vivência do próprio batismo, do ser cristão no meio a tantas situações e dificuldades da vida.  De ajudar a pessoa a se encantar pela pessoa de Jesus e se dispor a viver no seu seguimento.

  3. Qual a contribuição das religiosas na formação da fé, especialmente das crianças e jovens?

    A contribuição das religiosas no caminho de educação da fé penso que se dá em primeiro lugar pelo testemunho de vida na busca de viver a própria consagração no seguimento de Jesus, na alegria e na doação total a serviço do Reino. A educação na fé se dá no jeito de viver em comunidades fraternas, sendo sinais de vida, de esperança na acolhida de todos sem discriminação.

    A presença alegre, acolhedora e humana junto às crianças, adolescentes e jovens na vida de oração e na formação humana e Cristã. Na minha caminhada e experiência sento que contribui ainda no acompanhamento e na formação dos catequistas procurando atender às diferentes dimensões da vida humana e cristã.  Contribui para uma experiência kerigmática e mistagógica, no processo da Iniciação à vida Cristã.

  4. O que a catequese lhe ensina, no dia a dia, sobre a vivência do Evangelho?


    A catequese me ensina a necessidade da vivência cristã, da coerência de vida entre o que se fala e o que se expressa em atitudes e gestos a cada dia, na relação com as pessoas e na convivência humana.  Fitar os olhos em Jesus e seguir no caminho que ele nos propõe. Ser religiosa não é ser perfeita, pois somos pessoas humanas, limitadas, podemos errar, mas o importante é testemunhar e buscar sempre viver conforme o evangelho e a opção de vida, sem perder o foco. Viver o seguimento de Jesus a cada dia, em cada realidade, com as diferentes situações que a vida nos apresenta. Buscar viver os valores humanos e cristãos da verdade, da justiça, da igualdade e da fraternidade. Sermos promotores de vida e de esperança.

  5. Que palavras de encorajamento deixaria para quem sente o chamado à vida consagrada?

    Diria o que Jesus disse: “não tenha medo pequeno rebanho”. Coragem! Diante da realidade da vida, do mundo e da sociedade de hoje creio que é mais do que nunca precisamos de pessoas, corajosas capazes de olhar o mundo com esperança, com o olhar da fé. O mundo precisa de pessoas, dispostas a deixar muitas coisas em vista de um bem maior como lemos no evangelho a pessoa que encontra um tesouro no campo, vai, vende tudo para comprar aquele campo.  Digo que vale a pena colocar a própria vida e os dons a serviço da construção do reino. A messe é grande e os trabalhadores são poucos. Que o Senhor, pastor da messe envie operários.  Não tenham medo de dar o seu Sim e de fazer esta escolha para sua vida. Deus chama a nós basta responder.


Neste domingo, somos convidados a agradecer por todas as irmãs e irmãos que vivem sua consagração com alegria, dedicação e entrega. Que seu testemunho continue a inspirar vocações e fortaleça a missão da catequese em nossas comunidades.

bottom of page