Em nossas relações mais próximas acreditamos no que uma pessoa nos diz, confiamos em suas promessas e respondemos com nossa fidelidade, nossa amizade, nosso amor, e nada perdemos em nossa identidade e em nossa dignidade (cf. CIgC, n. 154). Nossa relação com Jesus Cristo também envolve confiança e fidelidade; e dela pode surgir o encantamento, uma ligação profunda e um amor eterno e verdadeiro.
Se falamos em fidelidade, amizade e amor, não podemos dizer que ter fé é simplesmente aceitar verdades que não conseguimos compreender, porque a fé não diz respeito a fatos, coisas, problemas ou dados; ela nasce do encontro com Alguém que acolhemos, aceitamos e conhecemos com intimidade.
Fé, portanto, é resposta pessoal pela qual o homem reage ao projeto de Deus com sua inteligência e sua vontade (cf. CIgC, n. 30). Por meio dela aceitamos Jesus Cristo como Ele se manifestou – nosso Salvador e Senhor – e respondemos à iniciativa amorosa do Pai. Por isso não dá para conhecer nem compreender as verdades da fé sem primeiro fazer a experiência de encontro com Aquele que quis se manifestar em nossa humanidade.
Sendo resposta pessoal, é fácil compreender que ninguém pode ter fé por nós; e sendo resposta livre, também é verdade que ninguém pode ser obrigado a abraçar a fé contra a sua vontade. Fé é adesão livre, voluntária, é escolha. Olhemos para o jeito de Jesus entre os homens: Ele convidou à fé, “deu testemunho da verdade, mas não quis impô-la pela força aos que a ela resistiam” (CIgC, n. 160).
Dar nosso assentimento livre e verdadeiro a Deus – nossa resposta de fé – implica aderir a toda a verdade que Ele revelou, mas não porque o que nos foi revelado por Deus nos parece verdadeiro e compreensível à nossa inteligência, mas porque é Deus que revela, e Ele não se engana (cf. CIgC, n. 156).
Existe ainda outro aspecto relativo à fé como resposta a Deus. É comum ouvirmos “Deus é fiel”; e Ele é fiel, no passado e no futuro (Ex 3,6.12). No Rito de Admissão ao Catecumenato, na assinalação dos candidatos, quem preside diz:
N., Cristo chamou a vocês para serem seus amigos; lembrem-
-se sempre dele e sejam fiéis em segui-lo! Para isso, vou marcá-
los com o sinal da cruz de Cristo, que é o sinal dos cristãos.
21
Este sinal vai daqui em diante fazer que vocês se lembrem de
Cristo e de seu amor por vocês (RICA, n. 83).
Isto é, os que pedem o Batismo são chamados à fidelidade ao Senhor. Fidelidade é a prática de quem tem um compromisso sério para cumprir o que assume. Se a fé é resposta ao Amor de Deus, que é fiel, precisamos ter com Deus a mesma fidelidade que Ele tem para conosco.
Sobre o livro:
A obra Falar de fé na catequese, dividida em quatro capítulos, apresenta diversos aspectos importantes sobre a fé e como levá-la ao cotidiano de cada pessoa. O conteúdo não só facilita a compreensão do leitor, mas auxilia quem depois irá desenvolver seu conteúdo, como catequista ou como agente formador nas pastorais. Os capítulos servem como subsídio para o estudo e a reflexão sobre a fé, e os conteúdos podem ser desenvolvidos individualmente ou em grupos. O último capítulo reúne roteiros de estudo sobre o conteúdo desenvolvido, com sugestões e indicações para a formação nas diferentes pastorais.
Comentários