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Redação

Série "Escolhendo Jesus": Jesus Cristo na Era Digital

Durante as semanas de agosto, vamos apresentar e explorar o conteúdo do livro Escolhendo Jesus, através de uma série de textos publicados na obra. Ao término, será possível encontrar pistas de ação que auxiliarão o trabalho na sua paróquia. Confira!

Jesus Cristo na Era Digital


Aline Amaro da Silva


Desde o surgimento da vida humana na Terra, o Criador busca aproximar-se de suas criaturas. Em especial, na história dos israelitas, Deus veio até o homem, escolheu um povo e revelou-se. A plenitude dessa comunicação se dá na Encarnação Verbo de Deus (Jo 1,14). A Palavra feita carne não somente revela a identidade do Deus Uno e Trino, mas comunica a plenitude dos seres humanos e de toda a criação. No momento em que o Verbo se fez carne, Deus passou a habitar a nossa linguagem. A partir dessa comunicação de Deus com sua criatura, utilizando as palavras de homens e mulheres, a linguagem humana tornou-se capaz de Deus. Existe o fazer teológico somente porque Deus se dirigiu a nós primeiro. Deus, por sua livre vontade, quis “necessitar” do ser humano e adentrá-lo, pelo evento Jesus Cristo, no mistério da vida trinitária.


“O meio é a mensagem”, afi rmou McLuhan (1964). Por analogia, podemos dizer que o Filho é o meio e a mensagem da autocomunicação de Deus; Ele é o caminho (meio), a verdade (mensagem) e a vida (comunhão). Jesus Cristo, único mediador entre Deus e o ser humano, é o mais perfeito diálogo aberto existente, que continua nos chamando a participar da nova vida n’Ele.


Cada momento histórico salienta um traço de Deus e enfatiza um ponto de vista sobre Cristo, uma característica do ser de Jesus. Por exemplo, no momento que a ciência histórica se desenvolveu fortemente, o estudo sobre Jesus histórico eclodiu. Hoje vivemos a era da hipercomunicação e, assim, irrompe a imagem do Deus hipercomunicativo. Por isso, novos movimentos enfatizam a ação do Espírito Santo na nossa vida, que é puro dinamismo. Não é por acaso também que teologia trinitária voltou a ser pauta de refl exão de grandes teólogos, pois somos à imagem e semelhança de um Deus hiper-relacional, que é comunidade de pessoas. Na era digital, faz-se necessária a compreensão de Jesus Cristo como a máxima comunicação. Ele não é somente a plenitude da comunicação entre os homens, mas, essencialmente, é o ápice da autocomunicação divina.


O Verbo precisa encarnar na rede, isto é, acompanhar a humanidade onde quer que ela se encontre, como aponta a Verbum Domini: “No mundo da internet, que permite que bilhões de imagens apareçam em milhões de monitores, deverá sobressair o rosto de Cristo e ouvir-se a sua voz, porque, se não há espaço para Cristo, não há espaço para o homem” (BENTO XVI, 2010, n. 133). Na cultura cibernética, as pessoas devem redescobrir a semelhança com o Deus hipercomunicativo.


Evangelizar é comunicar


A Igreja, como Corpo Místico de Cristo, carrega em seu ser a missão de anunciar o Verbo de Deus. Em Marcos (16,15), Jesus Ressuscitado realiza o mandato missionário que vai constituir a identidade comunicativa de toda a Igreja de Cristo: “Ide por todo o mundo e a todos pregai o Evangelho”. Como imagem de Cristo, todo o cristão é um comunicador na dimensão mais profunda do termo, pois Jesus habita em cada um de nós como a Palavra que anseia por ser proclamada pela nossa boca e pelas nossas ações. Missão significa o encargo ou a confiança de uma responsabilidade. Evangelização é o modo como a missão cristã vai se realizar (ESQUERDA, 2008, p. 64). Pastoral é toda a ação da Igreja no mundo. Toda pastoral visa a evangelização.


Dessa nova visão sobre Deus, surge uma nova compreensão sobre a evangelização. “Nova evangelização” é uma expressão que ficou conhecida nos discursos de João Paulo II. O que ele quer dizer com “novo” é que esta evangelização não é dirigida somente aos não batizados, mas também ao fenômeno moderno dos “batizados não convertidos”. A nova evangelização não consiste em um programa novo ou um novo conteúdo, mas envolve um esforço para encontrar uma linguagem adequada à mente de nossos contemporâneos para que eles assimilem o chamado à nova vida por meio do amor de Deus (JOÃO PAULO II, 2001, n. 29). Atualmente, a maior parte das ações evangelizadoras da Igreja são voltadas aos batizados e pouco se faz para dialogar ou ir em busca dos “pagãos”. Entretanto, o Papa Francisco convoca os cristãos a uma nova saída missionária. O propósito dessa nova investida não é mero proselitismo ou doutrinamento, mas atrair ao encontro com o Senhor por meio da vivência do amor e ética do próprio evangelizador, como testemunhavam os primeiros cristãos.


Dessa forma, evangelizar é menos a transmissão de uma doutrina e mais apontar um caminho que o evangelizador já experimentou – o encontro íntimo e pessoal com Jesus Cristo que nos torna livres. Evangelizar não pode ser mais concebido como o simples anúncio da boa notícia, pois é comunicar se, isto é, dialogar, relacionar-se, misturar-se resplandecendo essa vivência da comunhão com Deus da qual todos são chamados a participar. Se evangelizar é comunicar, e hoje comunicar significa comunicar-se, relacionar-se, logo, evangelização é comunhão, é comungar da vida de Cristo e dos irmãos. Assim, nosso desafio como evangelizadores é passar da lógica da transmissão para a prática do compartilhamento. Para que isso ocorra, precisamos sair de nós mesmos, de nossas seguranças e do conforto de agir sempre da mesma maneira, com os mesmos métodos e nos lançarmos em busca do novo que Deus preparou para nós.


Pistas de ação:


Para realizarmos uma reforma em nossa mentalidade, Santo Inácio de Loyola ensinou a importância do exame de consciência, da revisão de vida diária. Inspirados nessa vivência, iniciemos nossa metanoia digital com um encontro pessoal com o Senhor.

  • Escolha um momento e local silencioso no seu dia. Faça uma oração para se conectar com Deus e se colocar conscientemente diante d’Ele.

  • Escreva num papel o que você pensava até então sobre a internet e como você se comportava nela, descreva suas boas e más atitudes, apresentando-as ao Senhor. Se perceber que cometeu pecados no meio digital, aproveite esse exame de consciência em sua próxima confissão.

  • Medite com Deus qual deve ser sua visão e ação a partir de agora. Trace metas e propósitos de mudança para sua vida tanto on-line quanto off-line e comece já a praticar seus novos hábitos.

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