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Redação

Ser catequista é: estabelecer a relação entre a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura



A transmissão viva, realizada no Espírito Santo, denomina-se Sagrada Tradição, distinta da Sagrada Escritura, embora estreitamente ligada a ela. Pela Sagrada Tradição, a Igreja, na sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite às novas gerações tudo aquilo que ela é e tudo em que acredita. As declarações dos santos padres testemunham a presença vivificadora desta Sagrada Tradição, cuja riqueza entra na prática e na vida da Igreja.


Assim, a comunicação que o Pai fez de si próprio, pelo seu Verbo, no Espírito Santo, continua presente e ativa na Igreja. Deus, que outrora falou, dialoga sem interrupção com a esposa do seu amado Filho e o Espírito Santo, por quem ressoa a voz do Evangelho na Igreja. Já a Igreja introduz os fiéis na verdade plena e faz com que a Palavra neles habite em toda a sua riqueza.


Sendo uma fonte comum, a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão profundamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, estabelecem a unidade e tendem à mesma finalidade. O Mistério de Cristo, que prometeu estar com os seus, torna-se presente e fecundo na Igreja.


São duas formas de transmissão, a Sagrada Escritura é a Palavra de Deus, escrita por inspiração do Espírito divino. Já a Sagrada Tradição, por sua vez, conserva a Palavra de Deus, confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos, e transmite-a integralmente aos seus sucessores, para que eles, com a luz do Espírito da verdade, fielmente a conservem, exponham e difundam na sua pregação.


Daí resulta que a Igreja, a quem está confiada a transmissão e interpretação da Revelação, não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas, mas ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência.


A tradição apostólica e as tradições eclesiais são distintas, pois a Sagrada Tradição, de que falamos aqui, é a que vem dos apóstolos. Ela comunica o que estes receberam do ensino e do exemplo de Jesus e aprenderam pelo Espírito Santo. A primeira geração de cristãos não tinha ainda um Novo Testamento escrito, e o próprio Novo Testamento testemunha o processo da Tradição viva.


É preciso distinguir a Sagrada Tradição das tradições teológicas, disciplinares, litúrgicas ou devocionais, nascidas no decorrer do tempo, nas Igrejas locais. Elas constituem formas particulares, sob as quais a grande Tradição recebe expressões adaptadas aos diversos lugares e às diferentes épocas. É a sua luz de que estas podem ser mantidas, modificadas e até abandonadas, sob a direção do Magistério da Igreja.


Compete ao catequista saber fazer as conexões, em sua prática, da relação entre Sagrada Escritura como verdade revelada por Deus e a Sagrada Tradição como os pilares vindos dos apóstolos, que contribuem para ajudar os catequizandos/catecúmenos a crescer e amadurecer na fé, como também compreender o que é a Igreja, tudo o que ela é, tudo o que crê (cf. DV, n. 8; CIgC, n. 78).

 

Sobre o livro:


Este livro é um convite para refletir sobre a identidade, vocação e missão de ser catequista. Apresenta no decorrer de suas páginas o conteúdo de modo interativo, convidando o leitor para ler, refletir, rezar, avaliar sua caminhada, registrar seus anseios, sonhos e planos de ação. É um pequeno itinerário que ajuda a assumir a missão profética da Igreja como educador da fé, despertando a importância de uma formação que integra a dimensão doutrinal e experiencial capaz de colocar em prática os ensinamentos de Jesus.

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