Por Pe. Almerindo da Silveira Barbosa
No Evangelho do terceiro domingo da quaresma Jesus se apresenta como o Novo Templo, revelando quem Ele é e qual é sua missão no meio dos homens. Através Dele Deus revela seu amor incondicional aos seus filhos.
Jesus, como outros milhares de peregrinos, chega a Jerusalém para vivenciar a festa da Páscoa, que era celebrada todos os anos. Durante os dias da festa a cidade ficava cheia, com a presença de muitas pessoas e o comércio era aquecido.
Os comércios maiores aconteciam nas redondezas do Templo. A praça era transformada em um verdadeiro mercado e tudo isso era controlado pela família poderosa dos sumos sacerdotes Anás e Caifás. Qualquer pessoa honesta e de uma fé mais pura que ali chegasse, sentiria incomodada e envergonhada.
É neste contexto que o peregrino Jesus chega para celebrar a festa da Páscoa. A atitude dele surpreende a todos, pois ninguém imaginaria que teria uma reação assim. Ele que sempre foi calmo, acolhedor, tranquilo e sereno, agora faz um chicote com as cordas que os animais estão amarrados e começa a expulsar a todos do Templo.
Jesus não diz quase nada. Apenas reage ao que vê. Sua reação é explicitada e entendida em apenas duas frases: “tirai daqui tudo isso e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes” (Jo 2,16) e “Destruí este templo e em três dias eu o reerguerei” (Jo 2,19).
Diante das palavras proferidas por Jesus, o Evangelho nos oferece dois ensinamentos. O primeiro é que a religião, muitas vezes, foi e ainda é usada para interesses que não condiz com os valores do Evangelho. Muitos usam-na para justificar seus interesses, tirar vantagens e benefícios próprios. Jesus continua dizendo a estes para “não fazer da casa de seu Pai uma casa de comércio”.
O segundo ensinamento vem da última frase proferida por Jesus no Evangelho, onde Ele diz que “destruirá este templo e em três dias reerguerá outro”. Ele é o Templo Novo, que com sua morte e ressurreição dar início a um novo culto. Através de seu corpo ressuscitado cada pessoa terá a oportunidade de contemplar a presença e o amor de Deus em sua vida.
Que a quaresma, esse tempo bonito de silêncio, nos ajude a aprofundar o reconhecimento de Jesus como sinal definitivo de Deus na história do mundo e na história de cada um de nós.
Que possamos deixar Deus trabalhar em nós para termos menos resistências em aceitar e se deixar conduzir pelos sinais e indicações que podem auxiliar-nos na transformação de nossa vida, tendo sempre a consciência de que Jesus é o maior de todos os sinais vindo dos céus, para revelar a nós quem é Deus e o tamanho do seu amor pelos seus filhos.
Pe. Almerindo da Silveira Barbosa, formado em Filosofia e Teologia, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, o colunista também possui especialização em Ensino Religioso, pela Faculdade do Noroeste de Minas (FINOM), e em Teologia Pastoral, realizada na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Pe. Almerindo é coautor da coleção “Deus Conosco” e do livro Quem é esse Jesus e autor da obra A missa – Conhecer para viver, também publicado pela Editora Vozes.
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