Aurélio Agostinho nasceu em Tagaste, hoje região da Argélia, norte da África, em 354, filho de Mônica e Patrício: ela, santa esposa e mãe, ele pagão rude e violento. Agostinho teve uma mocidade inquieta, agitada pelas paixões e desvios doutrinais. Inteligência eleita, aguda, penetrante, depois dos desmandos da juventude, procurou a verdade e a redenção do seu espírito irrequieto através das filosofias, mas debalde. Formou-se brilhantemente em retórica e, ainda jovem, escrevia ensaios de poesia e filosofia.
Procurando maior glória, deixou Cartago, cidade de seus estudos e foi para a capital do Império Romano, abrindo uma escola de retórica, mas ficou por pouco tempo, porque teve a nomeação oficial de professor de retórica e gramática em Milão. Aí, atraído pela fama do grande Bispo Ambrósio, poeta e orador, começou a assistir seus sermões. Do apreço à forma literária da pregação, Agostinho passa ao apreço pelo conteúdo. Converte-se, recebe a instrução e é batizado por Santo Ambrósio, na Páscoa de 387. Tinha 33 anos e chegara ao término de um longo e laborioso processo de conversão, para o qual, além de sua sede de verdade, tiveram um papel importante as preces e lágrimas de sua santa mãe. O próprio Agostinho descreve o toque final da graça de Deus que o levou à conversão: “Enquanto, chorando debaixo de uma figueira, debatia-me entre sentimentos e forças opostas... de súbito, ouço uma voz que cantava e repetia muitas vezes: ‘Toma e lê, toma e lê...’
Agarrei o livro (Carta aos Romanos) e li para mim aquele capítulo que primeiro se apresentou aos meus olhos e eram estas as palavras: ‘Caminhemos como de dia; nada de desonestidades, nem dissoluções; nada de contendas nem de ciúmes; ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não procureis satisfazer os desejos da carne’ (Rm 13,13s). Não quis ler mais nem era necessário; pois me penetrou no coração uma espécie de luz serena e todas as trevas de minhas dúvidas fugiram” (Confissões, cap. X).
Com ele foi batizado também o filho Adeodato; jovem inteligentíssimo, que faleceu aos 15 anos, com grande dor de Agostinho. Decidiu então voltar para sua pátria, a África, com a mãe Mônica, que faleceu na viagem perto de Roma. Na África, com alguns amigos, iniciou uma vida comunitária entregue à meditação, ao estudo da Bíblia, à oração e obras de caridade.
Mas, no dizer do Evangelho, a luz não pode ficar oculta. Agostinho foi procurado pelo bispo de Hipona, a fim de que o ajudasse na pregação, pois o bispo era velho e doente. Foi ordenado sacerdote e, pouco depois, com a morte do bispo, Agostinho foi aclamado pelo povo como sucessor.
Como pastor da diocese por 34 anos, revelou-se bispo zeloso, vigilante, iluminado, pai dos pobres, mestre insuperável de espiritualidade, escritor fecundíssimo em todos os assuntos teológicos, defensor infatigável da ortodoxia. Sua ação e influência pastoral não se limitou à pequena cidade portuária de que era bispo, mas rompeu as fronteiras, tornando-se uma espécie de oráculo de sabedoria teológica que a civilização antiga presenteou ao cristianismo. Foi definido o mais profundo pensador entre os escritores do mundo antigo e, talvez, o gênio metafísico mais portentoso que o mundo viu! Sua linguagem apaixonada e cálida, expressiva e pessoal, seduz, convence, comove. Seu pensamento iluminou quase todos os pensadores dos séculos posteriores. Entre suas obras imortais, emerge a autobiografia Confissões e A cidade de Deus, que é uma filosofia da história vista à luz da mensagem cristã.
Santo Agostinho morreu aos 28 de agosto de 430 com 76 anos,
amargurado ao ver os bárbaros sitiarem sua cidade episcopal.
O santo do dia - Dom Servílio Conti
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