Anselm Grün
Muitas pessoas que seguem o caminho contemplativo têm dificuldades com a Liturgia das Horas. Acreditam que a Liturgia das Horas, com suas muitas palavras e imagens, não as conduz ao silêncio e à contemplação, antes as deixa inquietas e exaustas.
Alguns ainda defendem a Liturgia das Horas como forma central da oração monástica, outros a veem apenas como um evento comunitário, do qual eles participam por respeito aos outros; mas, no fundo, eles a veem mais como um obstáculo para a oração verdadeiramente contemplativa. A oração verdadeira, acreditam eles, ocorre no silêncio, no exercício contemplativo fora da Liturgia das Horas.
A tradição cristã mostra que, justamente em comunidades contemplativas, a Liturgia das Horas sempre foi altamente prezada. Para elas, a liturgia das horas não era uma contradição à oração contemplativa, mas um caminho que levava a ela. O caminho da mística na tradição monástica sempre passava pelas Escrituras Sagradas e pela liturgia.
A tradição e a prática do monarquismo nos mostraram que Liturgia das Horas e contemplação formam uma unidade. Se exercitarmos a oração incessante como os antigos monges e reservarmos tempo para a contemplação, a Liturgia das Horas também assumirá outra qualidade. Ela fertilizará a contemplação e abrirá todas as regiões da nossa alma para Deus, para que a contemplação aconteça no ser humano como um todo, para que Deus realmente possa se tornar tudo em todos.
Trecho da obra: Liturgia das horas e contemplação
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