Duas são as características relacionadas aos processos de iniciação cristã das novas gerações: a pertença eclesial e a vivência da fé (DC, n. 370). Neste processo de pertencimento à comunidade cristã o maior desafio é o de levar o catequizando ao amadurecimento da fé (DC, n. 370). Tanto nossa participação comunitária quanto o modo como vivemos a fé estão relacionados com a catequese. A Igreja no Brasil tem abordado a questão do amadurecimento da fé a partir do termo sujeito cristão (CNBB, Doc. 100) e entende que a catequese deve possibilitar o amadurecimento do catequizando de modo que ele assuma o ser e o agir cristão, também na internet.
Na perspectiva do Diretório não se trata apenas de utilizar a internet para evangelizar, mas de estar presente neste universo que é a internet (DC, n. 371). O documento aponta ainda para a necessidade de uma catequese personalizada, mas não individualista (DC, n. 372). A catequese, quando acontece ou se utiliza dos meios virtuais, deve visar sempre a participação eclesial e litúrgica. A experiência virtual deve ser vista como um meio para um fim que é a iniciação à vida cristã.
E quais as orientações práticas colocadas pelo Diretório? É justamente essa a questão que deve ser pensada. O Diretório não fala de como realizar ou organizar uma catequese que envolva pedagogias digitais. Mais que isso, trata-se de pensar e realizar uma catequese que fale da vida humana e, assim sendo, também da cultura digital.
Uma advertência é importante. Não podemos resumir a internet a um tema que será abordado na catequese. É certo que, muitas vezes, o assunto catequese irá fazer parte dos encontros e isso acontecerá porque ela faz parte da vida dos catequizandos. A catequese acontece pela relação entre catequizando, catequista e a comunidade cristã. Como a vida do catequizando contempla sua ação no ciberespaço, a catequese acontecerá também nesse ambiente e por vezes irá abordar temáticas próprias da internet.
Essa relação deve ser natural. Como dizemos no dia a dia, não se trata de invencionices que transformam a catequese em uma infinidade de mensagens que os catequizandos recebem no smartphone. Vamos ser honestos e assumir que é cansativo quando recebemos muitas mensagens. O catequista não deve transformar o uso das tecnologias em uma comunicação estressante. A utilização das tecnologias e da internet deve ser estratégica de modo que o catequizando perceba que ele está em relação com a comunidade cristã.
Somos catequistas o tempo todo e não apenas durante o encontro de catequese, assim como somos cristãos sempre e não apenas quando vamos à missa ou às atividades da comunidade. O testemunho do catequista no modo como utiliza as redes sociais e a internet também faz parte do processo catequético. Se seus catequizandos são seus amigos e seguidores nas redes sociais, saiba que eles serão influenciados por suas postagens. Buscar uma coerência de vida, de pensamento e de atitudes também faz parte do processo catequético. Um alerta é que o catequista deve dar testemunho, buscar a santidade. Mas isso não significa que os catequizandos, suas famílias e a comunidade eclesial devam ser vigilantes do comportamento do catequista. Trata-se de entender que, tudo o que fazemos, postamos ou comentamos, revela nossas convicções e gera consequências positivas e negativas.
Trecho do livro Catequese e internet.
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