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  • Redação

Cinco razões para batizar

Como iniciar alguém em si mesmo?


Pelo parto dá-se à luz um filho.


É o primeiro passo de um processo iniciático.

Pais e família cumprem ritos de iniciação da criança na sociedade ao dar-lhe nome, registra-lá, vaciná-la, preparar-lhe um berço e uma casa. Mas sua felicidade depende de outras iniciações: no afeto dos irmãos, da família, da comunidade e em seu próprio ser.


Há mais de dois mil anos a Igreja Católica vem aperfeiçoando e acumulando, produtos e serviços batismais por todo o planeta. Ela organizou fórmulas e gestos capazes de conferir ao recém-chegado uma poderosa experiência iniciática.


Confira abaixo, cinco razões para batizar seu filho:


1. Abrir a porta da fé à criança


O Batismo visa abrir os sentidos da criança para a vida, para Deus, para ouvir sua Palavra e professar a fé. Por isso, todos os órgãos dos sentidos da criança (boca, olhos, narinas, pele e ouvidos) são tocados, “abertos” e abençoados durante o Ritual do Batismo. Coisa bonita de se ver. São tocados com água, óleos, perfume, luz e carícias. A criança é preparada e autorizada a viver na plenitude de seus cinco sentidos. Isso ocorre particularmente durante o Rito do Batismo na Celebração do Éfeta, “Abre-te”, quando o celebrante toca os ouvidos e a boca da criança (Mc 7,31-37). O Batismo é como um molho de chaves. Começa abrindo as portas dos sentidos, do coração e da razão à fé. E segue abrindo muitas outras.


2. Alimentar essa vida espiritual confiada aos pais


Sabe qual é o primeiro mandamento da lei de Deus? Se você pensou em algo sobre amar a Deus sobre todas as coisas, está enganado. A primeira palavra, ordem, mitzvá, mandamento de Deus ao homem, segundo a Bíblia, está logo no início da criação, no começo do Livro do Gênesis. Ao casal humano, e através dele a toda humanidade, Deus determinou: “O homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher e eles serão uma só carne” (Gn 2,24). Como é possível misturar as carnes de dois seres? Nos filhos, na procriação. Talvez por isso, os pais veem os filhos, frutos de sua união, da união de seus patrimônios genéticos, como algo que lhes pertence e não como vidas espirituais que lhes foram confiadas. O Papa Bento XVI resumiu assim essa responsabilidade “alimentar” dos pais: “A criança não é propriedade dos pais, mas foi confiada pelo Criador a sua responsabilidade, livremente e de uma forma sempre nova, para que estes a ajudem a ser livre filha de Deus”. Há momentos especiais no Ritual do Batismo em que os pais são convidados a essa maravilhosa experiência familiar de libertar e ser livre.


3. Caminhar com Jesus Cristo


Diz-me com quem andas e te direi quem és, diz o ditado. É simples: quem anda com Jesus é cristão. Ele mesmo falou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai a não ser por mim” (Jo 14,5-6). O Batismo é o início dessa caminhada nesse caminho. O posicionamento de Jesus na caminhada é o de Deus em relação a Moisés: eu estarei ao teu lado. Caminharei com você. Dois sujeitos, sem sujeição. O bom pastor não anda correndo na frente das ovelhas, anda no meio do rebanho, ao lado das ovelhas e pronto para ir buscar alguma desgarrada. Hoje, muitos caminhos são oferecidos ao homem para a descoberta de Deus, sem passar pela pessoa de Jesus. No cristianismo não é assim. Em Jesus, nós descobrimos Deus. Ainda assim, nossa representação espontânea de Deus é uma ideia grosseira, algo pagã. Ele parece extrínseco, exterior, em concorrência com o homem. Para o cristão é necessário, se ele quiser, graças a Jesus, entrar na sua perspectiva e adotar uma concepção na qual o ato livre do humano já é um ato divino. Na vida espiritual, Deus não está em concorrência com o homem, nem este com Deus, mas vive-se uma comunhão de quem caminha junto. Essa comunhão faz com que Deus cresça no humano, na medida em que o homem torna-se ele mesmo.


Esse é o significado da experiência espiritual e interior da caminhada dos primeiros cristãos e do Sacramento do Batismo. Eles passaram de uma religião do templo a uma religião do homem. E ela continua válida nos dias de hoje. Não faça coisa alguma, nem diga palavra alguma que Cristo não faria ou não diria se encontrasse as mesmas circunstâncias, dizia São João da Cruz.


4. Para a criança saborear a vida


Aqui estamos de volta com as razões de natureza quase gastronômicas e alimentares do Batismo. Um pouco como quem prepara um prato muito especial, um dos últimos gestos da liturgia batismal é a colocação de uma pitada de sal sobre os lábios ou na língua do batizado. Com o sal sobre os lábios e a língua, a Igreja simboliza também o desejo de que as crianças tenham também o sabor pela vida, por suas riquezas e maravilhas e pelos dons de Deus. Sabor, saber e sabedoria. Que elas provem com gosto da Vida plena, a que têm direito e acesso. Pelo sal deseja-se uma emergência integral do Eu, soberano no edifício do ser das crianças. Soberano num reino que nunca será tomado, em qualquer dimensão ou porção de seu misterioso território. A sabedoria as levará a falar com sabor, com um sabor indestrutível como o do sal. O ser harmonizado sabe temperar as palavras: Como ensina o Apóstolo Paulo: “Que os vossos dizeres sejam sempre em graça, temperados de sal, com a arte de responder a cada um como convém” (Cl 4,6). O livro do Eclesiástico nos adverte: “a palavra mostra o coração do homem. Não elogies a ninguém, antes de ouvi-lo falar; pois é no falar que o homem se revela” (Eclo 27,8). Ver também as razões “Conservar a criança na sua autenticidade” (n. 37) e “Para a criança ser sal e luz no mundo” (n. 141).


5. Festejar o nascimento


Todo mundo gosta de festejar. A celebração da procriação festeja a bênção da fecundidade. Dá sentido sagrado a uma festa que seria apenas profana. A festa do Batismo abre as portas para celebrar as festas do Senhor. A instrução para o Batismo segue o mesmo caminho (CIC 281): Jesus opera seu primeiro sinal numa festa, a pedido de sua mãe (Jo 2,1-11). Como o nascimento se festejava no templo na tradição judaica, a igreja é um lugar do festejar na tradição cristã (CIC 2.581). O dia do Batismo se torna para a família e a Igreja uma festa particular no ciclo das festas do ano litúrgico que ritmam a vida de oração dos cristãos (CIC 2.698). E como diz o ditado: Feliz e boa festa faz quem em sua casa fica em paz.

 

Trecho do livro: "300 razões para batizar", publicado pela Editora Vozes.


Sobre a obra:

Você tem dúvidas ou busca motivos para batizar um filho, filha ou afilhado? Foi convidado para ser padrinho de Batismo do filho de um amigo e está perplexo? Você deseja batizar sua netinha, mas os pais não estão motivados? Não tem a menor ideia do motivo de batizar alguém e quanto mais um recém-nascido? Você mesmo não foi batizado?


Este livro pode ajudá-lo a tomar boas decisões. Pouco importa se você ou sua família andam distantes da Igreja e da vida religiosa. Não se preocupe; até um cristão praticante teria dificuldade em apresentar dez razões para batizar uma criança. Aqui você encontrará, para sua consideração e análise, 300 razões válidas para batizar, além de explicações etimológicas, psicológicas, históricas e espirituais de cada uma.


Essas 300 razões para batizar foram formuladas por pessoas que participaram e vivenciaram a fecunda experiência desse rito iniciático do cristianismo. Descubra neste livro por que e para que batizar, e entenda melhor esse presente maravilhoso dado às crianças e a todos. A opção é sua, e não do bebê. Razões não faltam.


Sobre o autor:

Evaristo E. de Miranda é agrônomo, mestre e doutor em Ecologia, pesquisador da Embrapa. Autor de trinta de livros sobre agricultura, história, espiritualidade, judaísmo e cristianismo; é estudioso do hebraico e colabora com órgãos da mídia escrita e televisiva; foi professor da Universidade de São Paulo e tem centenas de artigos publicados no Brasil e no exterior; recebeu várias condecorações, entre as quais o Prêmio Abril de Jornalismo; é diretor do Instituto Ciência e Fé de Curitiba e pai de quatro filhos.

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