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  • Redação

Coluna da Débora: Retorno - Parte I

Olá, catequistas desse amado Brasil!

Sabe, tenho escutado muitas perguntas nesse início de ano: como ficará a organização da Catequese? Como, e o que fazer? Voltamos ao presencial? Continuamos no virtual? Como voltar aos encontros com os catequizandos? O que mais me preocupa é que não tenho resposta para esses questionamentos. Ou melhor, a resposta é que cada realidade precisa analisar bem seu contexto, avaliar o grupo de catequistas, as orientações diocesanas e municipais. Enfim, não é fácil um consenso nesse momento!


Por outro lado, esses questionamentos me fazem refletir sobre a catequese na era digital. Sei que muito se escreveu, falou, transmitiu, sobre esse assunto em 2020, mas ainda temos muito que refletir, falar e transmitir. Gostaria de trazer para nossa conversa o Diretório para a Catequese, números 370-372 (fica a dica de leitura).


Primeiro destaque é a consciência de que “Igreja é chamada a refletir sobre a peculiar modalidade de busca de fé dos jovens digitais e, consequentemente, atualizar suas modalidades” (DC, 370). Opa, aqui temos algo interessante: os jovens usam dos meios digitais em sua busca de fé. Tá, mas o que isso significa? Significa que o espaço digital, a internet, as redes sociais, os serviços de mensagem, são espaços nos quais os jovens concentram esforços de busca, também de experiências de fé, ainda que por vezes disfarçadas de tantos outros atalhos.


Aqui nosso desafio será o de “acompanhar o jovem em sua busca de autonomia, que se refere à descoberta da liberdade interior e do chamado de Deus” (DC, 370). É preciso passar do mundo virtual para o real, para o interior de cada um, ajudar nossos catequizandos, e nossos catequistas também, a “passar da solidão, nutrida pelos likes, para a realização de projetos pessoas e sociais a serem realizados em comunidade” (DC, 370).


Diante dos questionamentos que apresentei no início, e depois de ler apenas o primeiro número dos que indiquei nesse texto, fico me perguntando: como estão catequistas, catequizandos, famílias, nesse contexto de retorno? Será que podemos falar em retorno da catequese, ou simplesmente de retorno a datas e agendas? Me parece que no ano de 2020 o mundo digital foi muito habitado, descobrimos ferramentas e espaços até então desconhecidos, mas como ajudar a passar da solidão e do individualismo da virtualidade, para o convívio na comunidade? Seria, a grande dúvida, apenas com o “como voltar”, ou devemos nos questionar se, de fato, estamos preparados para voltar? Ou melhor, como podemos nos preparar? Nem para essas perguntas temos respostas fáceis!


Acredito que não podemos perder de vista a dimensão humana em todo o contexto que vivemos. Avaliar os recursos que temos, ponderar sobre o emocional de catequistas e catequizandos. A pandemia foi uma experiência que deixou marcas profundas, muitas famílias foram atingidas, houve perdas em todas as dimensões. Como elaborar essa bagagem? Muitos, talvez, tenham sucumbido à tristeza, ao desânimo, ainda não se sentem seguros, como lidar com tudo isso?


Leiam comigo o número 371 do Diretório: “a catequese, que não pode simplesmente digitalizar-se, certamente precisa conhecer o poder do meio e utilizar todo o seu potencial e sua positividade, com a consciência, porém, de que não se faz catequese utilizando somente ferramentas digitais, mas oferecendo espaços de experiências de fé [...] somente uma catequese que passa da informação religiosa para o acompanhamento e a experiência de Deus será capaz de oferecer sentido [...] a catequese é chamada a encontrar formas adequadas de enfrentar as grandes questões acerca do sentido da vida”.


É uma citação longa, mas eu lhe convido a refletir sobre ela, deixe-a ressoar em seu coração. Se pergunte sobre os esforços para passar das informações para a partilha de experiências de fé, para partilhas de experiências de vida.


Temos muito em que pensar.


Até a próxima!

 

Débora Pupo é Coordenadora Regional da Dimensão Bíblico-Catequética do Regional Sul 2, da CNBB e autora da coleção "Crescer em Comunhão" e dos livros: "Catequese... Sobre o que estamos falando mesmo?" e "Celebrações no Itinerário Catequético... Sobre o que estamos falado?", todos publicados pela Editora Vozes. Bacharel em Teologia, pela Faculdade Missioneira do Paraná, a colunista também é mestre na mesma área, formada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Curitiba, tendo como título de sua dissertação: "Iniciação Cristã e Catequese com adultos: um caminho para o discipulado".

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