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  • Redação

Coluna da Débora: Catecumenato

Olá, catequistas! Hoje gostaria de convidar vocês para conversarmos sobre o Catecumenato. Com certeza o assunto é bastante conhecido, mas que tal recordar alguns pontos importantes? Venha comigo!

Primeiro é bom dizer que, em seu período mais intenso, o catecumenato pode ser identificado como uma séria e original proposta formativa-pastoral. Um caminho para quem deseja tornar-se cristão, pois a finalidade do processo catecumenal é formar verdadeiros discípulos de Cristo.


Como característica principal deste período destacamos que a catequese é fundamentalmente bíblica e a formação se apoia numa tríplice experiência: escuta da Palavra de Deus, exercícios ascético-espirituais e rito-celebração. Buscando suscitar uma resposta de fé, renovação espiritual e mudança de vida.


Breve histórico do Catecumenato


A primeira fase do catecumenato se concentra, do século II, até a primeira metade do IV século. Nesse período o catecumenato representa um processo formativo exigente. Supõe-se dos fiéis, uma primeira orientação ao cristianismo e uma fé inicial, que deve progredir conforme o catecúmeno avança na caminhada formativo-espiritual.


A segunda fase do catecumenato, que vai da segunda metade do IV século até o V, coincide com o período em que o cristianismo é considerado religião oficial do Império Romano e as conversões se tornam mais numerosas. Nessa segunda fase a formação assume um caráter essencialmente catequético sendo ministrada nas homilias. A principal exigência aqui é de uma escolha mais consciente do cristianismo e um pedido explícito do batismo.


A terceira fase do Catecumenato, do V ao VII século, é identificada como um período de progressivo enfraquecimento. O catecumenato inicia um lento declínio que o leva ao total desaparecimento. Nesse período se percebe, cada vez menos, o sentido de um processo formativo e, cada vez mais, a passagem ritual pelo batismo. O sacramento chega primeiro que a formação. O batismo de crianças se generaliza, o caminho catecumenal se reduz a uma breve etapa em vista do batismo. A figura do catequista perde o caráter de formador, é enfatizada a responsabilidade dos pais e padrinhos na formação espiritual da criança recém-batizada.


Aos poucos se caminha para o fracionamento dos três sacramentos da iniciação e o desligamento da celebração da Páscoa consolidada ao longo dos séculos. Multiplicam-se os batizados, por isso não mais somente o bispo pode realizá-lo, como também o padre. Outro caráter que sofre grande mudança é que os ritos, antes distribuídos em várias celebrações, tornam-se cada vez mais, um único momento e são todos realizados numa única celebração.


A partir do século VI se consolida um novo modelo, pois se percebe a opção, cada vez mais clara da Igreja, por batizar crianças, cujo processo formativo se reduz à celebração do sacramento. Por fim, o catecumenato, como processo de formação cristã, desaparece por completo a partir do século VII.


A prática da catequese para crianças vai se fortalecendo e os séculos seguintes apresentam estudos e avanços nessa dimensão. A preocupação é sempre a doutrinal, a de explicar o catecismo. É, portanto, a fase da instrução religiosa em vista de uma melhor celebração dos sacramentos. Entretanto o Concílio Vaticano II propõe para toda a Igreja, a retomada do catecumenato de adultos (SC 64).


Ao pedir que os bispos providenciem o restabelecimento do catecumenato (CD 14) entendido como um tempo para “conveniente instrução” (SC 64) para que possa ser desenvolvida a conversão, suscitada pelo anúncio de Cristo (AG 13), o próprio Concílio enfatiza que a natureza do catecumenato não é de “mera exposição de dogmas e preceitos, mas uma educação de toda a vida cristã” (AG 14).


Não esquecendo a importância da dimensão litúrgica do catecumenato, uma vez que os catecúmenos devem ser iniciados nos mistérios da salvação, também através da celebração litúrgica.


Destacando que no catecumenato deve-se aprender “pelo testemunho de vida e pela profissão de fé a cooperar, ativamente, na evangelização e edificação da Igreja” (AG 14). Assim sendo, a preocupação deve ser a de formar discípulos de Cristo.

 

Débora Pupo é Coordenadora Regional da Dimensão Bíblico-Catequética do Regional Sul 2, da CNBB e autora da coleção "Crescer em Comunhão" e dos livros: "Catequese... Sobre o que estamos falando mesmo?" e "Celebrações no Itinerário Catequético... Sobre o que estamos falado?", todos publicados pela Editora Vozes. Bacharel em Teologia, pela Faculdade Missioneira do Paraná, a colunista também é mestre na mesma área, formada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Curitiba, tendo como título de sua dissertação: "Iniciação Cristã e Catequese com adultos: um caminho para o discipulado".

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