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  • Redação

Meta da Iniciação à Vida Cristã: formar discípulos missionários de Jesus Cristo


Contexto bíblico


A Palavra de Deus é clara: convoca-nos a um compromisso: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo!” (Mc 16,15). Por este mandato se subentende que Jesus realizou um itinerário formativo com aqueles que o seguiam e que eles haviam chegado a um determinado ponto que podiam receber uma tarefa a cumprir. E o mandato implica, também, que todo aquele que faz uma experiência de fé, entendendo a proposta de Jesus, se coloca a caminho com ele e a serviço dele.



Na aliança do Sinai, Deus escolhe Israel para ser um povo missionário. Revela-se a ele, para que Israel proclame o seu nome a todos os povos da terra. Dá-lhe os Dez Mandamentos, que indicam, para todos os seres humanos, o caminho certo para encontrar a felicidade. Por meio da encarnação de seu Filho único, Deus de tal modo se aproxima do ser humano que se torna, ele mesmo, um ser humano. Segundo a Constituição Pastoral Gaudium et Spes do Concílio Vaticano II (1965) o Filho de Deus, no mistério da encarnação, se une a cada ser humano. Em sua missão no mundo, Jesus de Nazaré não só revela Deus ao homem, mas revela o homem ao próprio homem, revela-lhe a sua dignidade sagrada e a sua vocação divina e o chamado para a vida plena. Jesus, no Sermão das Bem-aventuranças, que é um programa de vida seu e de seus discípulos, proclama o novo código da felicidade, enriquecendo os Dez Mandamentos. Com as Bem-aventuranças,


Jesus convida seus discípulos não à resignação e à passividade, mas a se colocarem de pé e a percorrerem no mundo um novo caminho, que conduz a Salvação. Os Evangelhos colocam em destaque a importância do encontro pessoal com Jesus e o que acontece a partir desse encontro. Basta analisar dois episódios, o da Samaritana, no poço de Jacó, e o de Zaqueu, no banquete que ofereceu a Jesus. O encontro leva à revisão de vida e à conversão. A missão da Comunidade de Jesus, a Igreja, é a de levar todos ao encontro com Jesus, pois esse encontro é a fonte do discipulado e da missão, que implica, por si mesmo, o envio a sair, colocar-se a serviço.


Na Palavra de Deus, aparece constantemente este dinamismo de “saída”, que Deus quer provocar nos crentes. Abraão aceitou a chamada para partir rumo a uma nova terra (cf. Gn 12,1-3). Moisés ouviu a chamada de Deus: “E agora, vai! Eu te envio” (Ex 3,10) e fez sair o povo para a terra prometida (cf. Ex 3,17). A Jeremias disse Deus: “a quantos te enviar, irás” (Jr 1,7). Naquele “ide” de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja. Hoje todos somos chamados pelo Papa Francisco, a esta nova “saída” missionária (EG n. 20)


A Igreja é a comunidade dos discípulos de Jesus. E a finalidade do discipulado é a missão. Jesus, quando inicia o seu ministério na Galileia, reúne discípulos e, dali em diante, como os quatro Evangelhos nos mostram, Jesus está sempre rodeado de discípulos. Ele não cumpre sua missão sozinho. Jesus convoca e congrega discípulos não para servi-lo, mas para prepará-los, teórica e praticamente, para uma tarefa concreta a que denominamos missão. Os Evangelhos segundo Marcos e Mateus culminam sua narrativa com a cena de Jesus enviando seus discípulos em missão pelo mundo inteiro. A Igreja, como comunidade de discípulos de Jesus, é a continuadora, ao longo dos séculos, da missão de Jesus e de seus primeiros discípulos. A lei do discipulado consiste em carregar a cruz no seguimento de Jesus. Esta expressão, na Igreja primitiva, designa o martírio, a exemplo do Mestre. Não só o martírio de derramar o próprio sangue como testemunha de Cristo e de seu Evangelho, mas, também, o testemunho de gastar a própria vida no empenho de anunciar Jesus Cristo e a sua “Boa Notícia”.


Os Evangelhos mostram que ser discípulo de Jesus é fruto de uma vocação (ato de chamar). É ele quem chama e convoca. Mas a resposta pessoal só é possível com a ajuda da graça, isto é, da atração amorosa do Pai: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair” (cf. Jo 6, 44). A resposta, livre e generosa, é algo muito profundo, pois atinge o segredo mais íntimo do ser humano. Ela consiste no encontrar-se com Jesus e acolhê-lo no todo de nosso ser, que precisa transformar-se por completo, o que requer mudar o rumo da vida. A acolhida de Jesus em nossa vida implica também em viver de acordo com os seus ensinamentos. Jesus é também mestre, o Mestre.


Mas a finalidade do discipulado é a missão, que brota da intimidade com Jesus e da convivência fraterna com outros discípulos. Por isso, a Igreja é uma comunidade de comunhão com Cristo em vista da missão. A dimensão da intimidade com o Senhor, a dimensão comunitária e a dimensão missionária são as características que fundam a Igreja.


A partir daí, podemos compreender a importância da Eucaristia. “Para que essa comunhão com ele fosse cada vez mais plena, Jesus Cristo se entregou a seus discípulos como Pão da vida eterna e os convidou na Eucaristia a participar de sua Páscoa”45 (DNC n. 52). É na Eucaristia que a Igreja expressa a sua identidade e nela cresce. Como mostra o episódio de Emaús, a missão tem a sua fonte principal no encontro com o Cristo vivo presente na Palavra que faz arder o coração e na comunhão com a própria vida de Jesus, expressa no partir do pão pelo próprio Jesus. A Eucaristia alimenta a missão: “Eu estarei convosco todos os dias até o final dos tempos” (Mt 28,20) Jesus pronunciou essas palavras, ao enviar os apóstolos em missão. A Eucaristia é também o objetivo da missão: levar a todos ao encontro com o Cristo vivo para que se tornem seus discípulos missionários.


Quando Paulo faz menção ao tempo em que ele passou com os irmãos em Éfeso, disse: “pois não me esqueci de vos anunciar todo o desígnio de Deus para vós” (At 20,27), Paulo tinha consciência de que os havia formado como discípulos e que, para isto, lhes havia transmitido os ensinamentos indispensáveis para que eles tivessem a consciência, de que Deus os chamou para serem discípulos missionários do Senhor.


A obra evangelizadora de Paulo suscitou muitos outros discípulos e discípulas. Ele mostrou a força do anúncio querigmático que provoca e estimula à adesão de novos seguidores de Jesus (Rm 16).46

 

Saiba mais sobre a obra:

Este livro, iniciado na gestão da Diretoria da Sociedade Brasileira de Catequese (SBCat), de 2012 a 2016, é uma pequena contribuição a este processo renovador de nossa Igreja. Ele traz alguns dados para ajudar na compreensão e prática dessa temática vital para a renovação de cada católico e de cada Comunidade Eclesial, na formação dos discípulos missionários e da Igreja.


Nelcelina Barbosa dos Santos é Leiga Consagrada pelo Centro de Formação Permanente (CEFOPE), licenciada em Letras, pela Universidade do Sudoeste da Bahia. Especialização em Metodologia e Didática do Ensino Superior, pela Faculdade S. Bento da Bahia, com bacharelado em Teologia pela Universidade Católica do Salvador; é especialista em Pedagogia Catequética, pela Faculdade S. Bento da Bahia. Atua na Dimensão Bíblica Catequética, na Arquidiocese de São Salvador da Bahia, há doze anos. Faz parte da Redação dos Itinerários Catequéticos do CEFOPE e é membro do SBCat (Sociedade Brasileira de Catequétas).


SBCat – A Sociedade Brasileira de Catequetas, fundada em 2012, em São Paulo-SP, é uma instituição sem fins lucrativos, que congrega especialistas em Catequese. Além de favorecer a diálogo fraterno, a troca de experiência e o acompanhamento do que acontece na renovação permanente da Catequese no Brasil e no mundo, os voluntários que integram a SBCat. também se dedicam à reflexão e produção de subsídios e a diversas assessorias.

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