“Bendito seja o Senhor Deus de Israel, porque a seu povo visitou e libertou.”
Todas as manhãs, aqueles que recitam a Liturgia das Horas, rezam e louvam a Deus com as palavras de Zacarias, pai de João Batista. Deste modo, a profecia proferida após a circuncisão do precursor é repetida continuamente pela Igreja, para que esta se lembre sempre de bendizer o Senhor por sua decisão de visitar e libertar o seu povo.

Esta visita do Senhor ao seu povo, nós a chamamos de Encarnação e a celebramos, de modo especial, na festa do Natal. Assim, a solenidade do dia 25 de dezembro é a memória deste evento, por meio do qual Deus se reveste da nossa natureza. O Apóstolo João, no prólogo de seu evangelho, escreve: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Cf. Jo 1, 14).
Deus visita-nos, Deus habita em nosso meio e Deus nos liberta. O Tempo do Advento, que antecede o Natal e que com sua dupla característica, prepara os nossos corações para a visita do redentor, ajuda-nos a acolher essa mensagem. Esse tempo, assinalado pelo movimento de preparação, lembra-nos de dois momentos da vinda do Senhor: uma que já aconteceu e uma que ainda esperamos. Ou seja, na primeira meditamos a encarnação de Jesus no ventre da Virgem Maria e relativo à segunda, esperamos e rezamos pela vinda definitiva do Salvador, no fim dos tempos.
Há ainda outra vinda, que neste período litúrgico, e em todos os outros, somos chamamos a perceber: a vinda intermediária. Esta vinda insere-se entre a primeira e a segunda e ocorre de modo silencioso e requer disposição do coração e abertura à graça. Sobre esta vinda, escreve o Santo Abade de Claraval: “Esta vinda intermediária é, portanto, como um caminho que conduz da primeira à última: na primeira, Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; na intermediária, é nosso repouso e consolação” (São Bernardo).
“Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que a seu povo visitou e libertou”. Deus nos visita sempre, todos os dias, em todos os momentos, no cotidiano, nas atividades triviais e nas pessoas, com as quais nos encontramos. Se formos capazes de reconhecê-lo, viveremos bem o sentido do Natal e experimentaremos a libertação, isto é, a salvação que dele provem.
Fruto de uma verdadeira experiência do Natal é a mensagem dos anjos aos pastores: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens e mulheres por ele amados” (Cf. Lc 2, 14). A mensagem da paz está profundamente ligada à vinda do Cristo; ligada, portanto, à acolhida de sua presença no meio de nós, às vezes nas pessoas rejeitadas pela sociedade, aquelas que vivem à margem. Ajuda-nos, neste processo, o ensinamento do Papa Francisco: “Se ousarmos ir às periferias, lá o encontraremos: Ele já está lá. Jesus antecipa-se no coração daquele irmão, na sua carne ferida, na sua vida oprimida, na sua alma sóbria. Ele já está lá”.
Por fim, encontrar Jesus naqueles que sofrem é o pedido que fazemos ao Pai, no segundo Domingo do Advento, na oração inicial: “Ó Deus todo poderoso e cheio de misericórdia, nós vos pedimos que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho (...)”.

Leonardo Henrique Agostinho, MSC
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Religioso da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração, formado em Filosofia e estudante de Teologia, na PUC-SP.
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