Estamos diante de um sacramento da Igreja com dois nomes: Crisma e Confirmação. Trata-se do segundo sacramento, embora, por motivos pastorais, possa ser vivido após a primeira Celebração da Eucaristia, como é o caso no Brasil.
Certamente, hoje, este sacramento começa a ser mais valorizado, na medida em que se vai tomando consciência da presença e da ação do Divino Espírito Santo na vida da Igreja e de cada cristão e cristã.
Contudo, podemos dizer que o Sacramento da Crisma ou da Confirmação continua sendo um sacramento desconhecido e pouco valorizado entre os fiéis cristãos.
Por isso, a importância de tratarmos séria e profundamente deste precioso sacramento para se alcançar, no Espírito, a plenitude da vida cristã.
Já os dois nomes mostram uma certa insegurança quanto à localização deste sacramento no conjunto da vida cristã.
O nome confirmação presta-se a uma certa confusão. Leva, por vezes, a abordar esse sacramento como se fosse uma Confirmação do Batismo, um assumir de modo consciente o Batismo recebido quando criança. Como se o Batismo não fosse um sacramento completo em si.
Preferimos chamá-lo de Sacramento da Crisma.
A Crisma, no feminino, é o sacramento, ao passo que o crisma é o óleo santo, chamado também óleo da ação de graças, usado na Crisma e em outras celebrações importantes de consagração na Igreja, sobretudo no Batismo e nas Ordenações.
O que a Tradição e o Magistério da Igreja nos transmitem com certeza é que se trata do Sacramento do Espírito Santo, o Dom de Deus.
Todos os sacramentos são sacramentos de Jesus Cristo, mas um, a Eucaristia, o é de modo todo especial. Assim, em todos os sacramentos temos a ação do Espírito Santo, mas um deles é, por excelência, o Sacramento do Espírito Santo: a Crisma ou Confirmação.
De certa forma podemos dizer também que todos os sacramentos são sacramentos de Deus Pai, mas um deles se relaciona de modo especial com o Pai: o Batismo, o sacramento da filiação divina por excelência.
Assim, quando a Igreja relaciona o Sacramento da Crisma de modo especial com o Espírito Santo, mostra que por esse sacramento se verifica uma presença e uma ação especiais do Espírito Santo na Igreja e na vida de cada cristão e cristã. Para viver esse sacramento é preciso, pois, aprofundar o conhecimento da função do Divino Espírito Santo no plano de Deus da salvação, manifestada na história da salvação.
Só assim se perceberá que ambos os nomes têm sua razão de ser. Quando o chamamos de Crisma queremos realçar o símbolo da unção com o óleo. A exemplo e em Cristo, todos os cristãos são os ungidos do Senhor. Cristo e os cristãos são os crismados, isto é, os ungidos pelo Espírito de Deus.
A palavra confirmação aponta para outra direção. O cristão é ungido, recebe o Espírito Santo como Dom de Deus, para que, fortalecido pelo Espírito, confirme sua vocação e missão de batizado, para que persevere até o fim no testemunho de Jesus Cristo, leve à perfeição o que nele foi começado no Batismo. A cada momento de sua vida, pela ação do Espírito Santo, o cristão vai confirmando sua vocação e missão batismais, sacerdotal, real e profética.
Sobre o livro:
Vivemos no Brasil uma religião de cunho social cultural, onde os sacramentos fazem parte da cultura, da vida social, mas pouca influência exercem sobre a vida concreta do cristão, sobre sua vida de conversão evangélica e de compromisso social, na construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Os Sacramentos são administrados e recebidos e, em seguida, arquivados como sinais quase mágicos de salvação para a outra vida.
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