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  • Redação

Os quatro pilares da espiritualidade matrimonial e familiar

A espiritualidade familiar é uma espiritualidade trinitária, uma espiritualidade de comunhão. A Trindade está presente no templo da comunhão matrimonial (AL, 314). A presença de Deus habita na família real e concreta, nos gestos e encontros de amor familiar. Deus tem sua morada na família onde há amor. “Em suma, a espiritualidade matrimonial é uma espiritualidade do vínculo habitado pelo amor divino” (AL, 315). A comunhão familiar é um caminho de santificação na vida ordinária e de crescimento místico, pois é uma “ocasião para abrir cada vez mais o coração”. A família não distancia os profundos desejos espirituais, mas é um caminho que pode levá-lo “às alturas da união mística” (AL, 316).

A espiritualidade familiar é uma espiritualidade cristocêntrica. Concentrar-se em Cristo, “Ele unifica e ilumina toda a vida familiar” (AL, 317). Viver em Cristo implica tanto participar nas dificuldades da cruz de Cristo quanto na alegria e na festa da ressurreição (AL, 317), implica colocar junto a Ele tanto nossos momentos de alegria e prazer quanto os de dor e dificuldade. As batalhas familiares da vida cotidiana podem levar-nos a uma grande união com Deus. Há no âmago de muitas pessoas do povo de Deus uma profunda fé e esperança.


A espiritualidade familiar é uma espiritualidade de oração doméstica e eucarística. O papa dá muita importância à oração em família. “Podem-se encontrar alguns minutos cada dia para estar unidos na presença do Senhor vivo, dizer-lhe as coisas que os preocupam” (AL, 318). Também sublinha a importância da Eucaristia dominical, sacramento da nova aliança, quando os “esposos podem voltar incessantemente a selar a aliança pascal que os uniu”, advertindo para os laços profundos que existem entre vida matrimonial e Eucaristia (cf. AL, 318).


A espiritualidade familiar é uma espiritualidade do amor exclusivo. Trata-se de pertencer por completo somente a uma pessoa. O papa recorda a bela expressão de João Paulo II numa eucaristia celebrada em Córdoba (Argentina) em 1987, que ficou gravada em sua memória: “Quem não se decide a amar para sempre, é difícil que possa amar deveras um só dia”. Esta espiritualidade é uma “pertença do coração” ao levantar-se, ao dormir (AL, 319). Mas é um saber que não somos donos um do outro, que o outro tem uma sã autonomia, que não nos pertence, que o outro não sacia minhas necessidades (AL, 320). O essencial não é possuir, e sim entregar o coração, arriscar a vida entregando o coração, deixar-se possuir pelo outro.


A espiritualidade familiar é uma espiritualidade do cuidado, do consolo e do estímulo. A família sempre foi o hospital mais próximo (AL, 321). Curar, consolar, olhar, acariciar, abraçar, sonhar juntos. Toda a vida da família é um “pastoreio misericordioso” que não apenas cuida, mas espera do outro algo indefinível e imprevisível (AL, 322). Trata-se de contemplar cada ente querido com os olhos de Deus e reconhecer Cristo nele. Implica um olhar atento, como o de Cristo, que reconhece que cada um possui uma dignidade infinita por ser objeto do amor imenso do Pai. Trata-se de suscitar no outro a alegria de sentir-se amado, ao mesmo tempo em que se mostra uma atenção primorosa aos limites do outro (AL, 323). É o amor que ele tão bem desenvolveu na quarta parte da Exortação. Mas esse amor e cuidado não apenas são ad intra, e sim uma abertura, um amor social, reflexo da Trindade, que se expressa particularmente na hospitalidade: acolher e sair até os demais, especialmente rumo aos mais pobres e abandonados (AL, 324).

 

Adaptado do livro "Alegria do amor"

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