São João Vianney, Cura d’Ars (século XVIII), observou que um homem vinha à igreja diariamente e ficava um longo tempo diante do Sacrário, em silêncio. Certo dia, o Cura se aproximou desse homem e perguntou o que ele fazia ali, em total silêncio. O homem respondeu, apontando para o Sacrário: “Eu olho para Ele, e Ele olha para mim!” (CIgC, n. 2715). Quantos “olhares” já não teriam trocado? Quanta simplicidade nessa relação de profunda intimidade com o Senhor!
As Escrituras Sagradas nos apresentam muitos exemplos do valor da oração. De Abraão aos primeiros cristãos, a oração foi o instrumento que levou homens e mulheres a perseverar, vencendo dificuldades sem nunca se afastarem de Deus. Foi no Santuário de Siquém que Abraão, a quem nomeamos “pai da fé”, ouviu o Senhor: “Darei esta terra à tua descendência” (Gn 12,7). Abraão foi obediente, porque tinha fé e era um homem de oração, e sua vida foi totalmente renovada por Deus. Moisés, no Monte Horeb, o monte de Deus, ouviu a voz do Senhor que o chamava da sarça ardente (cf. Ex 3,1-6). Pela experiência de oração, Moisés teve a vida transformada e se tornou instrumento de libertação para o povo oprimido no Egito.
E há muitos outros exemplos de homens e mulheres que, vivendo uma experiência profunda de oração, viram Deus tocar suas vidas e se tornaram meios de transformação para o povo: Josué, Elias, Débora, Rute, Pedro e Paulo. Estavam intimamente unidos a Deus pela oração, e Ele agia na vida de cada um e por meio de cada um deles.
Orar é olhar para dentro de nós mesmos e conversar com Deus, contando as coisas simples ou difíceis da nossa vida; é dirigir a Ele palavras de agradecimento, de súplica, de dor, de revolta, de dúvida. Essa conversa ajuda a nos conhecermos mais e a enxergar e aceitar a vida com suas múltiplas cores. Quando oramos, nós paramos, deixando de lado as tarefas; aquietamos o coração e nos lançamos à experiência de filhos amados no colo do Pai; isso nos alimenta para darmos nossa resposta de fé. Nessa relação de entrega confiante e de dócil escuta precisamos ficar atentos às respostas e aos chamados de Deus, porque na oração nos conectamos com as possibilidades que Ele nos oferece; isto é, com tudo aquilo que Ele pode transformar, iluminar e animar em nossa vida.
Pensemos, mais uma vez, em nossa vida cristã como uma árvore, e a fé como o solo no qual ela está plantada. As folhas dessa árvore são nossas orações. Assim como a árvore respira pelas folhas, nossa vida cristã respira pela oração: sem a respiração a árvore morre; e sem a oração nossa vida cristã morre.
Deus nos deu a oportunidade de estarmos próximos dele pela oração. Ela é indispensável para nos fortalecermos espiritualmente e nos sustenta para as lutas do dia a dia. Sendo perseverantes na oração, crescemos como pessoas e nos fortalecemos como crentes. A oração diária, mais do que um longo tempo de devoção, deve ser uma conversa com Deus, uma conversa com um amigo verdadeiro. Da mesma maneira como nossas amizades são fortalecidas com encontros e partilhas sinceras, nossa intimidade com Deus cresce nesses momentos de conversa com Ele. E quando crescemos na intimidade com Deus, passamos de orações decoradas (que têm, é claro, grande valor) às nossas próprias palavras, em um verdadeiro encontro de amor.
Sobre o livro:
A obra é dividida em quatro capítulos, apresenta diversos aspectos importantes sobre a fé e como levá-la ao cotidiano de cada pessoa. O conteúdo não só facilita a compreensão do leitor, mas auxilia quem depois irá desenvolver seu conteúdo, como catequista ou como agente formador nas pastorais. Os capítulos servem como subsídio para o estudo e a reflexão sobre a fé, e os conteúdos podem ser desenvolvidos individualmente ou em grupos. O último capítulo reúne roteiros de estudo sobre o conteúdo desenvolvido, com sugestões e indicações para a formação nas diferentes pastorais.
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