Domingo de Páscoa
Por Pe. Almerindo da Silveira Barbosa
Depois de termos percorrido o caminho do deserto, através do período quaresmal, chegamos à terra prometida, à Páscoa do Senhor. Se este caminho foi feito com a consciência de que precisávamos mudar, através da conversão de vida, celebramos, também, a nossa páscoa. Somos criaturas novas, renascidas da luz da vitória da vida de Cristo Jesus, que venceu a morte.
O texto do Evangelho deste domingo, começa dizendo que era o primeiro dia da semana. É o nosso domingo, o dia do Senhor. Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus. Ao chegar ela percebe que a pedra tinha sido removida e a sepultura estava vazia. Logo vem, à sua mente, a ideia de que teria roubado o corpo do Senhor.
Cheia de tristeza e angústia, Maria Madalena, corre, às pressas, para anunciar a dois dos discípulos de Jesus o que tinha acontecido. Ela diz a eles que “retiraram o Senhor” do túmulo. Pedro e João, ao receberem a notícia, vão para averiguar o que ela acabara de dizer. O sepulcro vazio foi confirmado pelos dois.
Continua o texto dizendo que os dois corriam juntos. João, “o outro discípulo”, correu mais depressa e chegou primeiro que Pedro. Olhou, viu as faixas no chão, mas não entrou. Chegou, também Simão Pedro, que veio correndo atrás e entrou. Só depois é que João, que chegou primeiro, entra. Ele viu e acreditou!
Os detalhes do Evangelho do domingo da ressurreição são riquíssimos. Nos levam a adentrar ao mistério da ressurreição do Senhor e da nossa ressurreição. Mistério de amor, mistério de fé, grandeza sem limites.
O primeiro detalhe diz respeito a Maria Madalena. Ela chegou “ao túmulo bem de madrugada, quando ainda estava escuro”. Estar escuro significa que ela ainda não tinha clareza das coisas. Sua fé ainda não era suficiente para acreditar que Jesus havia ressuscitado.
O segundo detalhe é que, mesmo Maria Madalena, não acreditando o suficiente, vai rapidamente anunciar aos outros, para que eles também possam ver e acreditar. Mas, acima de tudo, para ajudá-la a entender o que estava acontecendo. Ela diz: “tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram”.
Outro detalhe profundamente espiritual é que os dois discípulos correram juntos. João chegou primeiro. Sua fé era mais amadurecida. Ele tinha sido o discípulo mais fiel à Jesus. Chegou, mas não entrou, respeitou o tempo de amadurecimento espiritual de Pedro. Esperou! Só depois que Pedro entra é que João faz a experiência de entrar também. Entrou, viu e acreditou.
Ver e acreditar é o ponto alto do Evangelho e um convite para nós. Ver e acreditar é um dado de amor, de confiança no Senhor. É atitude de quem tem fé pascal. Por isso, neste dia, podemos aprender com os personagens narrados no texto. Ver e acreditar é aprender a enxergar para além dos nossos olhos físicos. É chegar ao patamar do Espírito.
Por fim, o Evangelho nos ensina que não podemos ficar estagnados na vida, diante de nossas dúvidas e incertezas. Devemos ir ao encontro do Senhor, procurando encontrá-Lo onde ele está. Esse caminho somente será permitido e percorrido, através do olhar da fé. Só assim teremos condições de “ver e acreditar”, que o Senhor ressuscitou e está vivo no meio de nós. A vida venceu a morte.
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Pe. Almerindo da Silveira Barbosa, formado em Filosofia e Teologia, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, o colunista também possui especialização em Ensino Religioso, pela Faculdade do Noroeste de Minas (FINOM), e em Teologia Pastoral, realizada na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Pe. Almerindo é coautor da coleção “Deus Conosco” e do livro Quem é esse Jesus e autor da obra A missa – Conhecer para viver, também publicado pela Editora Vozes.
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