Por Pe. Almerindo da Silveira Barbosa
Solenidade de Cristo Rei | Lc 23,35-43

Ao celebrar a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, somos convidados a refletir sobre o modo diferente do reinado do Senhor. A realeza de Jesus se expressa por uma vida marcada pelo amor vivido, no serviço e na doação. Com esta festa celebramos a soberania de Cristo sobre a nossa vida e a comunidade toda, daqueles que n’Ele professa a sua fé.
O Evangelho desta solenidade, nos apresenta como Rei, tendo a cruz como o seu trono. Jesus não aparece sentado num trono de ouro, mas pregado numa cruz, com uma coroa de espinhos na cabeça, com uma inscrição pregada na cruz: “este é o Rei dos Judeus”. É na cruz, como trono, que Jesus manifesta de forma plena a sua realeza. Por isso, a cruz é a expressão máxima de sua vida entregue no amor gratuito.
O texto do Evangelho começa dizendo que “os chefes zombavam de Jesus dizendo: A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!”. Vejamos que, no auge do seu sofrimento, Jesus carrega uma coroa de espinhos, derrama suor e sangue e, ainda é zombado e insultado. Ele continua sendo testado até o limite de suas forças.
Naquela cena dolorida, a voz prudente e de bom senso, vem de alguém que merecia estar ali, por sua conduta de vida. era um malfeitor. Ele estava sofrendo a mesma dor de Cristo e, no entanto, é capaz de se solidarizar com Jesus, numa verdadeira profissão de fé n’Ele: “para nós é justo, porque estamos recebendo o que merecemos, mas ele não fez nada de mal”. Depois acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim quando estiveres no teu reinado”.
São palavras sábias do bom ladrão. Ali na cruz, do lado de Jesus, ele nos ensina que, para compreendermos, verdadeiramente, o Reinado de Jesus, precisamos ultrapassar nossos egoísmos e nossas certezas e abraçar a dor de nossa finitude. É compreendendo nossa limitação humana, que vamos reconhecer, com mais lucidez, o senhorio de Jesus.
Assim, compreendemos, pela palavra do Senhor, contida no Evangelho desta solenidade, que Jesus é rei sim, mas é diferente de todos os reis do mundo. Jesus é rei que seu trono é a cruz. Ele é rei que não veio para ser servido, mas para servir e oferecer a sua vida para todos. Jesus é Bom Pastor, que conduz suas ovelhas, mas faz mais, se preciso for Ele as carrega em seus braços. Sua autoridade é o serviço aos que estão perdidos e carregando fardos pesados, cruzes que vão recebendo em suas vidas, assim a que Ele carregou até o Monte Calvário.
Ao proclamarmos Jesus como nosso Rei e Senhor de nossa vida, somos convidados a compreender que seu reinado só poderá ser compreendido a partir da lógica do serviço. “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Servindo e entregando sua vida é, portanto, a maneira como Jesus Cristo reina.
Que possamos, nesta solenidade de Cristo Rei do Universo, possamos assumir o Senhor como nosso único Mestre e Rei aprendendo com Ele a viver uma vida doada pelo serviço e pelo amor ao próximo, sendo solidários com aqueles que sofrem, carregando suas cruzes de cada dia.
Nesta bonita e importante festa, celebramos o dia dedicado aos leigos e às leigas de nossa Igreja. Eles foram chamados, pelo batismo, a implantarem o Reinado de Deus no mundo por seu testemunho de vida, sendo fermento, sal e luz. A todos esses nossos irmãos que vivem o Reinado de Jesus, através da vida e missão que assumiram, recebam o nosso reconhecimento e nossas orações pelo serviço que prestam à Igreja.

Pe. Almerindo da Silveira Barbosa, formado em Filosofia e Teologia, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, o colunista também possui especialização em Ensino Religioso, pela Faculdade do Noroeste de Minas (FINOM), e em Teologia Pastoral, realizada na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Pe. Almerindo é coautor da coleção “Deus Conosco” e do livro Quem é esse Jesus e autor da obra A missa – Conhecer para viver, também publicado pela Editora Vozes.
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