Por Pe. Almerindo da Silveira Barbosa
4º Domingo do Advento | Mt 1,18-24
O Evangelho deste quarto e último domingo do advento nos convida a contemplar os últimos acontecimentos que antecederam o nascimento de Jesus. O texto começa informando sobre a origem de Jesus. “A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a um homem chamado José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo”. O restante do texto é o desenvolvimento desta afirmativa.
José, homem justo, que estava compromissado em casamento com Maria, se depara com uma situação que, humanamente, era impossível aceitar. Ele recebe a notícia de que Maria está grávida pela ação do Espirito Santo. Imagine a situação desse homem, ao receber tal notícia. Humanamente falando seria impossível de aceitar.
Não resta outro caminho para José, senão abandonar Maria em segredo. Ele era um homem justo e não queria denunciar sua companheira. Enquanto pensava e planejava como fazer para dispensar Maria, sem que ela sofresse ou tivesse algum prejuízo, Deus veio ao seu encontro em sonho, através de um anjo.
José estava em uma angústia profunda e muito confuso. Imagine sua companheira aparecer grávida e dizer que não teve relação com homem algum? Era mais que normal e compreensivo o encontrar nessa situação. A resposta de Deus foi rápida, diante do momento de angústia em que José se encontrava: “Não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela ficou grávida pela ação do Espirito Santo”. José, ao acordar, fez tudo conforme o anjo lhe havia dito e aceitou Maria como sua esposa, não dispensando-a.
A atitude de silêncio interior de José é o tempo necessário que ele precisou para viver uma intimidade profunda com Deus, deixando que Ele falasse para sua vida. Esse é o maior ensinamento que podemos tirar, de modo especial quando estivermos diante de situações incompreensíveis, para nossa capacidade humana.
Quando oferecemos a Deus as nossas preocupações Ele, rapidamente as assume como suas e age imediatamente. Foi assim que Ele fez com José, mandando seu anjo, como resposta às suas angustias e sofrimento. O Espirito Santo age em nós e fala em nós e para nós. Basta que façamos a nossa parte, assim como José fez. Confiemos e esperemos no Senhor, pois Ele tudo pode. Como fez com José e Maria Deus nos convoca para sermos colaboradores de Sua obra, fazendo o seu Reino acontecer.
Ao celebrarmos este 4° Domingo do Advento, seria interessante repensarmos sobre o sentido dos sonhos em nossa vida. Sejamos capazes de nos abrir ao Mistério de Deus, celebrado no Natal e entendamos algo simples: sonhar faz parte da vida do ser humano. Quando nos abrimos à Deus, Ele sempre nos surpreenderá com notícias humanamente impossíveis de acontecerem. A José, Ele deu a graça de cuidar do seu próprio Filho. A cada um de nós Ele também tem presentes para nos dar neste Natal. Qual será a graça que Ele nos presenteará?
Portanto, não tenhamos medo! Voltemos ao mais profundo de nós mesmos, esvaziemo-nos um pouco mais de nós mesmos, inclinemo-nos diante do Mistério da Encarnação e abramo-nos à graça de Deus. Ele vem ao nosso encontro como veio ao encontro de José e Maria.
Pe. Almerindo da Silveira Barbosa, formado em Filosofia e Teologia, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, o colunista também possui especialização em Ensino Religioso, pela Faculdade do Noroeste de Minas (FINOM), e em Teologia Pastoral, realizada na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Pe. Almerindo é coautor da coleção “Deus Conosco” e do livro Quem é esse Jesus e autor da obra A missa – Conhecer para viver, também publicado pela Editora Vozes.
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