Pe. Almerindo da Silveira Barbosa
Encerrando o ano litúrgico, celebramos a Solenidade de Cristo Rei do Universo, Senhor de nossas vidas e de nossa existência no mundo. Recordamos, também, neste dia, a vocação de todos os cristãos leigos, através da missão que receberam pelo Batismo.
O evangelho desta festa nos fala do último julgamento, onde, pelo texto proclamado, encontramos Jesus proferindo palavras duras, tais como “afastai-vos de mim malditos”, “não vos conheço” e “ide para o fogo eterno”.
São palavras que podem nos amedrontar e até nos questionar. Como pensar um Deus assim tão severo, mas que em outros momentos se revela como um Deus bom e justo, que faz cair o sol e a chuva para os juntos e injustos, que não faz distinção entre bons e maus? Assim, o encontro com Deus, ao invés de ser desejado, passa a uma fuga.
A primeira coisa que precisamos entender é que o texto é uma parábola, que fala do juízo final e que foi escrita segundo o jeito dos pregadores na Palestina. Esta parábola é de fácil entendimento, desde que não fiquemos presos às letras, mas tenhamos a capacidade de extrapolá-las.
O que Jesus quer é nos ensinar é para que saibamos abrir nossos olhos e saber fazer as escolhas nesta vida. Os valores do Reino são diferentes dos muitos valores que o mundo ensina e prega e, às vezes, somos conquistados por essas “riquezas” e, consequentemente, nos afastamos daquilo que é fato é o que nos traz a verdadeira vida e felicidade.
Também nos ensina Jesus na passagem do Evangelho desta Solenidade e que as palavras pronunciadas no texto bíblico não devem ser entendidas como uma condenação, mas como um alerta, para que saibamos conduzir nossa vida, sem o perigo de arruiná-la e levar para outro caminho que não seja o proposto por Deus.
Portanto, o objetivo da parábola é exatamente revelar que o Senhor sabe do erro que está diante do mundo e que devemos evitar a todo instante. Mas isso não quer dizer que sejamos culpados e condenados.
É preciso descobrir o projeto de Deus e o projeto do mundo e fazer as escolhas que condizem com a vontade de Deus. Assim faremos o que o Senhor nos pede e estaremos no caminho para chegarmos diante do Senhor e sermos, por Ele, chamados de “benditos do meu Pai”.
Pe. Almerindo da Silveira Barbosa, formado em Filosofia e Teologia, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, o colunista também possui especialização em Ensino Religioso, pela Faculdade do Noroeste de Minas (FINOM), e em Teologia Pastoral, realizada na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Pe. Almerindo é coautor da coleção “Deus Conosco” e do livro Quem é esse Jesus e autor da obra A missa – Conhecer para viver, também publicado pela Editora Vozes.
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