Em homenagem ao Dia de São Francisco de Assis (04 de outubro) faremos uma semana cheia de conteúdo sobre o santo. Neste artigo, vamos conhecer um pouco mais sobre sua vida.
Tudo começa na Itália, em Assis dos séculos XII e XIII, numa sociedade que sofria algumas mudanças: uma virada de organização, onde os grandes feudos (e toda a estrutura feudal) dava lugar ao reflorescimento das cidades.
Neste contexto, está a família de Francisco. Sua mãe era francesa e seu pai, Pedro Bernardone, um comerciante de tecidos. Eles, embora ricos, não pertenciam à nobreza italiana, mas faziam parte de uma burguesia nascente. O nome de Francisco foi inicialmente João, mas seu pai preferiu chama-lo Francisco, em homenagem à França que lhe trouxera muitos benefícios.
Em sua juventude, Francisco viveu os sonhos de ser cavaleiro, em busca de glória e honra, desejando alcançar o título de nobreza que naturalmente não tivera. Em uma batalha entre Assis e a cidade vizinha, Perugia, Francisco foi preso e permaneceu no cárcere por mais ou menos um ano. Esta experiência certamente o marcou, visto que pôde experimentar a crueza e o a fragilidade do ser humano, bem como o abandono e a efemeridade da glória que buscava.
Voltando a casa, depois de um tempo, inscreveu-se para ir as Apúlias guerrear. As aspirações por ser cavaleiro, bem como todo espírito cavaleiresco, suscitavam em Francisco sonhos de grandes feitos, de honrarias e amores. No caminho de seus próprios sonhos, no entanto, foi visitado pelo Senhor, que lhe revelou projetos muito maiores. Ele atendeu, mesmo sem entender, e não seguiu adiante. Voltando para casa, no meio da viajem, se pôs a esperar um novo sinal.
E muitas vezes foi visitado novamente: pela cruz que lhe chamou pelo nome, pedindo que reconstruísse a Igreja em ruinas; pelo leproso – pessoas desprezadas e rejeitadas por causa da doença – que revelou à Francisco suas próprias misérias. Ele, permanecendo fiel ao Encontro, amadureceu seu próprio projeto de vida, abriu mão da casa do pai, em vista do projeto de outro Pai.
Vestido agora com um roupa em forma de cruz, da cor da terra, ele se fez filho do Pai do céu, e ganhou irmãos que com ele vieram viver o Evangelho, de uma forma totalmente nova. Tantos aderiram que sua família – a família franciscana – já contava com mais de 3 mil irmãos na Itália e outros países da Europa, antes de sua morte.
São muitas as histórias conhecidas sobre a vida de São Francisco: que ele era rico e se tornou muito pobre por causa de Jesus Cristo, que falava com os animais ou que recebera os estigmas do Crucificado, que era o homem da paz, além de que, um amante e protetor da natureza.
O mais essencial, no entanto, é notar que fora um homem da Palavra, que a perscrutava, o que o tornava ousado em viver uma vida radicalmente nova, a ponto de ser um sinal de mudança de vida para toda a Igreja de sua época, sem causar divisões ou cismas.
Hoje, oitocentos anos depois, as exigências de nosso tempo ainda podem recorrer ao Pobre de Assis para tentar viver melhor sua vida. Ele continua sendo um testemunho de sensibilidade e empatia, de fraternidade universal, num momento onde as diferenças são ameaçadas, a natureza destruída e a dignidade do ser humano desprezada.
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