Olá, catequistas!
Vamos conversar mais um pouco sobre o tema da última coluna?
No texto anterior, começamos a refletir sobre o retorno da catequese e os inúmeros questionamentos que enfrentamos. Gostaria de ter respostas, mas o desafio é se deixar questionar e encontrar respostas diversas, tão diversas quanto são os contextos e nossas realidades.
Dando continuidade às reflexões inspiradas pelo Diretório para Catequese, no número 372 lemos que “do mundo individualista e isolado das mídias sociais se deve passar à comunidade eclesial, lugar no qual a experiência de Deus se realiza em comunhão e partilha da vivência”. Aqui sentimos o chamado para redescobrir o sentido da comunidade, da partilha de vida, seria exagero dizer que somos chamados a cultivar a empatia?
Penso que nesse início de ano somos desafiados a resgatar a humanidade, a solidariedade, o cuidado conosco e com o outro. Esses sempre foram temas trabalhados na catequese, na formação, nos encontros com as famílias, no entanto, precisamos intensificar esses momentos. Então o jeito é cuidar da espiritualidade, da relação com o Mestre de Nazaré que nos ensina a amar, a acolher. Acredito que precisamos olhar para dentro de nós e identificar a beleza que somos chamados a anunciar.
É tempo de cuidar, de voltar atenção para as necessidades nem sempre manifestas em voz alta. Um desafio nesse momento é pensar a formação dos catequistas e não falo na dimensão dos conteúdos, da metodologia. Ao falar da formação, penso em uma dimensão mais humana, existencial, espiritual. Ajudar os catequistas a olhar para o seu interior e se perguntar: eu gosto disso que vejo e encontro? Como posso me cuidar e melhorar, sem exigir além das minhas forças? Não se trata, apenas, de transmitir informações, conteúdos, doutrinas, é preciso ajudar os catequistas a se renovarem no encontro pessoal com Jesus Cristo, o Mestre que continua a nos chamar e enviar.
Nesse período em que tanto se pensa no “retorno” é preciso pensar, igualmente, no preparo dos catequistas. Precisamos pensar no acompanhamento dos catequistas, de suas necessidades, de suas famílias. E ao falar de acompanhamento me à mente, e ao coração, as palavras do Papa Francisco: “a Igreja tem a necessidade de um olhar solidário para contemplar, comover-se e parar diante do outro, tantas vezes quantas forem necessárias [...] podem tornar presente a fragrância da presença solidária de Jesus e o seu olhar pessoal [...] para que todos aprendam a descalçar sempre as sandálias diante da terra sagrada do outro” (EG, 169).
Então, nesse período de retorno, pensemos nos catequistas. No decorrer do ano, continuemos a pensar no acompanhamento dos catequistas, pois a missão que assumem não é brincadeira e eles precisam de cuidado, para que possam cuidar daqueles que a Igreja lhes confia.
Não vamos esquecer de cuidar da pessoa, como um todo, de oferecer momentos de reflexão, oração, oportunidade para celebração a vida com seus altos e baixos, de celebrar a vocação. Não vamos esquecer que somos humanos e precisamos de cuidado.
Até a próxima!
Débora Pupo é Coordenadora Regional da Dimensão Bíblico-Catequética do Regional Sul 2, da CNBB e autora da coleção "Crescer em Comunhão" e dos livros: "Catequese... Sobre o que estamos falando mesmo?" e "Celebrações no Itinerário Catequético... Sobre o que estamos falado?", todos publicados pela Editora Vozes. Bacharel em Teologia, pela Faculdade Missioneira do Paraná, a colunista também é mestre na mesma área, formada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Curitiba, tendo como título de sua dissertação: "Iniciação Cristã e Catequese com adultos: um caminho para o discipulado".
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